Rolezinho no RS tem funk em praça de alimentação
Um dos shoppings mais luxuosos do Rio Grande do Sul foi à Justiça para barrar o primeiro "rolezinho" de Porto Alegre, marcado para este domingo (19). O evento foi mantido, mas reuniu poucos participantes. A direção do Moinhos Shopping, que fica em uma das áreas mais nobres da capital gaúcha, solicitou uma liminar determinando que os participantes deixassem de se manifestar nos limites do shopping e que fosse permitida a revista de pessoas no local. Também pedia autorização para impedir a entrada de menores de idade desacompanhados.
Autorização a rolezinhos levou shopping do Rio a fechar portas
O fechamento do Shopping Leblon, na zona sul do Rio, com o objetivo de impedir a realização do "rolezinho" marcado para a tarde deste domingo (19) foi anunciado pelo centro de compras após a desembargadora do plantão judiciário ter determinado, no sábado, 18, que seja garantido o "livre direito de acesso e livre manifestação de pensamento em local aberto ao público", referindo-se ao shopping.
A medida judicial havia sido pedida pelo grupo Habeas Corpus-Rio de Janeiro, formado por advogados voluntários, com o objetivo de impugnar a decisão liminar dada pela 14ª Vara Cível do Rio na quinta-feira (16) que, na prática, impedia o rolezinho do Leblon.
Apesar de o Shopping Leblonestar fechado, algumas pessoas apareceram para o rolezinho marcado este domingo (19) no local. O número de participantes, no entanto, é inferior ao de jornalistas. Mas a presença do pequeno grupo chama atenção dos moradores do bairro e dos clientes desavisados que foram às compras. O shopping não abriu este domingo para evitar o rolezinho.
O rolezinho que havia sido marcado pelas redes sociais ganhou contornos de protesto, com a presença de cerca de 300 pessoas. Os manifestantes consideraram que o fechamento do shopping teve razões "racistas e discriminatórias". A direção do Shopping Leblon fixou cartazes nas entradas justificando o fechamento como uma medida necessária para preservar "a segurança e o bem-estar" de seus clientes, dos donos das lojas e dos funcionários.
Outro shopping de luxo, o Rio Design, também no Leblon, bairro com o metro quadrado mais caro do Brasil, também não abriu neste domingo.
Do lado de fora do shopping Leblon, cerca de 30 pessoas fizeram perfomances, ao som de funk, contra o racismo e a exclusão social no país. Fantasiado de Batman, Heron Morais Melo criticou a falta de igualdade de oportunidades entre "ricos e brancos" e "negros e pobres". "Essa porta fechada [do shopping] é o melhor símbolo da desigualdade no nosso país. Quem não é da parte da elite, só encontra isso", disse Heron, morador de Marechal Hermes, na zona norte.
Em uma performance para satirizar "madames que frequentam o shopping com menor número de pobres da cidade", um participante, que não quis se identificar, disse: "Não vim para protesto, vim às compras! Pobre já aguento lá em casa, lavando, passando, levando meus filhos na escola", como crítica ao preconceito.
Para o estudante de letras e integrante da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), Gabriel Melo, o rolezinho é derivado das manifestações de junho de 2013. "Quando um grupo de estudantes de universidades e escolas privadas vão para a praça de alimentação e bota música alta é uma coisa, mas quando esse grupo é de jovens negros o tratamento dado pelo shopping, lojistas e segurança é outro: fecham as portas e põem para fora", disse.
Apesar de a Secretaria de Segurança Pública ter informado que não reforçaria o policiamento, dezenas de policiais estão próximos ao shopping. Seguranças particulares não identificados também estão no local.
O Shopping Leblon cercou, com tapumes, toda a entrada de vidro localizada na Avenida Afrânio de Melo Franco. Foram colocados cartazes avisando os clientes de que o centro comercial foi fechado para "garantir a segurança". O Shopping Rio Design Leblon, que fica do outro lado da rua, também fechou as portas, para evitar o rolezinho. Cerca de 9 mil pessoas haviam confirmado presença no ato por meio da redes sociais.
Do lado de fora, trabalhadores e lojistas criticaram o rolezinho. Para a dona de uma loja, que preferiu não se identificar, o shopping "é um espaço de lazer privado". "Manifestação tem que ser na porta da prefeitura, não aqui".
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