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Com visto de permanência, angolanos querem trabalhar

O visto permanente pode significar a tão sonhada autonomia. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
O visto permanente pode significar a tão sonhada autonomia. (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

A última quarta-feira (15) foi de alívio para dez refugiados angolanos – todos cegos – que vivem em Curitiba desde 2001. O Conselho Nacional de Imigração concedeu um visto de permanência definitiva a cada um deles, colocando fim a um período de angústia. Com o visto anterior – de cortesia – prestes a vencer, eles vinham sofrendo pressão do Consulado da Angola para retornarem ao país africano. Agora, os jovens poderão permanecer no Brasil de forma independente.

“Não tem como expressar a alegria que estamos sentindo. Era exatamente isso que a gente queria”, comemorou Delfina Amarilis Américo. “Me sinto quase uma brasileira”, assentiu.

O visto permanente pode significar ao grupo a tão sonhada autonomia. Ao contrário da concessão anterior, o visto permanente permite que os migrantes trabalhem formalmente. Avessos a qualquer sentimento de pena, os cegos angolanos sonham trabalhar e se manter pelas próprias forças. “Isso vem a resolver a maior parte dos nossos problemas. Queremos terminar os nossos estudos e trabalhar bastante. Como se diz aqui, queremos fazer o nosso ‘pé-de-meia’ e ter alguma tranquilidade”, disse Wilson André Madeira.

Todos frequentam cursos superiores, a partir de bolsas de estudo. Parte do grupo deve se formar já no fim deste ano. Além disso, os jovens formam o grupo “Cantores de Angola” e chegaram a se apresentar em grandes eventos e na tevê. Querem apostar também na arte como fonte de renda. Com o visto permanente, já podem ser contratados formalmente para se apresentar.

“Tínhamos dificuldade em conseguir shows, porque não podíamos emitir nota fiscal. Agora, estamos abertos a contratações e poderemos receber por isso. Agora, podemos brilhar”, disse Madeira.

Dias difíceis

O alento para os angolanos vem em meio a dias difíceis. No fim do ano passado, o Consulado da Angola cortou as bolsas com as quais eles se mantinham. O grupo passou a contar com a solidariedade de pessoas próximas até para comer. Receberam de tudo: de cestas-básicas a roupas. “Se não fossem os amigos, não sei o que teria sido”, contou Delfina.

Parte da ajuda foi coordenada pelo Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Siaanee), da Uninter, onde a maioria dos jovens angolanos estuda. O núcleo quer encaminhar os jovens ao mercado de trabalho. “Todos estão em plenas condições de trabalhar, mas vão precisar de um apoio inicial. Seria muito bom se alguns empresários dessem oportunidades a eles”, disse a professora Leomar Marchesini, coordenadora do Siaanee.

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