Emenda 29: "A melhor proposta será aprovada", diz subcomandante
O subcomandante da PM, coronel César Alberto Souza, classificou como positiva a negociação mantida pelo Fórum das Entidades (com sete representantes dos policiais) com o governo do estado, pela regulamentação da emenda 29. O oficial que também preside o comitê de negociação atribuiu a movimentação de bastidores à falta de informação dos "praças" e clamou pelo diálogo.
"Eles não estão acostumados a dialogar. Esses policiais [descontentes] devem procurar a associação que os representa ou seu comando para tirar dúvidas. O problema é a falta de informação", disse o coronel. "Com certeza vamos avaliar as propostas e a melhor será aprovada", ressaltou.
Na quarta-feira, soldados e cabos ouvidos pela Gazeta do Povo se mostraram reticentes quanto à negociação e demonstraram receio de os policiais de baixa graduação serem prejudicados no acordo. "O descontentamento é geral, porque os oficiais na última hora são seduzidos pelo governo e o problema não é resolvido. Desde 1998 que o sistema dos subsídios não é implantado. Se perdermos essa oportunidade, vai ser difícil ter outra", disse um cabo, que pediu para não ser identificado.
Também na quarta-feira, o presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares (Amai), coronel Elizeo Furquim, reconheceu o clima de ebulição entre os "praças", mas avaliou que a categoria deve optar pela negociação ao menos até fevereiro, prazo dado pelos policiais ao governo para o fechamento de um acordo. "Se não houver acordo em fevereiro, aí sim haverá um grande movimento de paralisação", disse.
O comando da Polícia Militar (PM) negou, nesta quinta-feira (19), que policiais estejam se organizando para deflagrar uma greve ou que estejam trabalhando em operação-padrão (atendendo apenas ocorrências de urgência). Em entrevista coletiva, o subcomandante geral, coronel César Alberto Souza, atribuiu o movimento a ex-policiais e a PMs que estão em vias de serem expulsos da corporação. A articulação seria uma maneira de pressionar a regulamentação da Emenda 29 à Constituição do Paraná, dispositivo que estabelece a incorporação das gratificações no soldo dos policiais. "É uma minoria que está descontente. Precisamos vencer essa boataria", disse o coronel.
Ao longo desta semana, a frequência do sistema de comunicação da PM e do Corpo de Bombeiros foi invadida por diversas vezes. Em vez de circularem informações sobre as ocorrências em andamento, os radiocomunicadores tocaram músicas e chegaram a ser usados para veicular mensagens em apologia à greve. Policiais militares ouvidos pela Gazeta do Povo disseram que, nesta quarta-feira (18), correram mensagens conclamando os "praças" - como são conhecidos soldados, cabos e sargentos a iniciar a paralisação já na próxima terça-feira (24).
"As entidades que representam os policiais não querem a paralisação. Se isso [a greve] ocorrer, toda a negociação que a PM mantém com o governo do estado vai enfraquecer. (...) As medidas legais cabíveis vão ser tomadas contra os que pararem", afirmou o subcomandante.
O coronel César Souza reconheceu que houve interferências no sistema de comunicação interno da PM e que, durante os períodos em que houve invasão dos sinais, os policiais tiveram que recorrer a telefones fixos e a celulares para manter a comunicação. O subcomandante, no entanto, negou que isso tenha prejudicado o atendimento à população. De acordo com o policial, todos os HTs (comunicadores portáteis) serão recolhidos para que seja trocada a frequência de operação dos aparelhos.
"Isso vai começar pelo 12º Batalhão, onde os rumores são maiores. No máximo em 10 dias, todos os equipamentos deverão estar com a nova frequência e serão devolvidos aos policiais", informou.
Na quarta-feira (18), a Gazeta do Povo mostrou que a articulação entre os "praças" começava a ganhar corpo e os policiais se mostravam propensos a aderir à "operação-padrão". PMs de São José dos Pinhais, na região metropolitana, atribuem o recolhimento dos HTs a uma tentativa do comando de jogar panos quentes sobre a mobilização. A medida foi mal recebida pelos policiais, que vêem risco na atuação sem os comunicadores.
"Eu não vou entrar em um beco sem meu HT. Se eu precisar me comunicar para pedir reforço, como vou fazer? A ordem é [fazer] operação tartaruga", disse um soldado, que solicitou anonimato.
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