Pesquisadores do Reino Unido descobriram que a combinação de duas drogas para o tratamento de mulheres com câncer de mama do tipo HER2 positivo pode resultar na redução do tumor em menos de quinze dias. Os resultados preliminares foram apresentados recentemente na 10.ª Conferência Europeia de Câncer de Mama.
Financiado pelo Cancer Research UK (CRUK), o estudo analisou os efeitos da combinação das drogas trastuzumabe e lapatinibe (ambas liberadas pela Anvisa, mas somente a primeira, conhecida como Herceptin, é disponibilizada pelo SUS) nas mulheres antes da realização de cirurgia para retirada do tumor e pode significar a dispensa da quimioterapia.
De acordo com o CRUK, participaram do estudo 257 pacientes que seriam submetidas a uma cirurgia para remoção do câncer e depois para um extenso ciclo de quimioterapia combinada com a terapia-alvo trastuzumabe. O objetivo inicial dos pesquisadores era observar como as drogas testadas alteravam o câncer no intervalo de tempo entre o diagnóstico e a operação. Porém, no momento da cirurgia, algumas pacientes não apresentavam mais sinais do tumor.
Na etapa posterior às cirurgias foram analisadas amostras de tecido das mulheres. Em sete das 66 pacientes (ou 10,6%) que receberam a combinação de drogas, os médicos constataram uma “resposta patológica completa”. Em termos não-médicos, os tumores tinham desaparecido. Em outras 11 mulheres (17%), o câncer havia encolhido significativamente – são os casos de “doença residual mínima”.
Cautela
Os pesquisadores destacaram, no entanto, que embora os primeiros resultados apontem para um tratamento bem-sucedido, ainda não é possível garantir que não restaram células cancerígenas remanescentes a partir das quais a doença pode voltar a crescer. Quem tem câncer de mama HER2 positivo tem mais chances de reincidência, por isso é importante ter certeza de que o tratamento com drogas combinadas não aumenta esse risco.
Além disso, não foi verificada qualquer resposta ao tratamento nas outras 48 mulheres que também receberam a combinação de drogas, o que sugere que alguns tumores HER2 possuem características que os tornam sensíveis ao coquetel.
Apesar da cautela, no entanto, o CRUK declarou que os resultados são “empolgantes”, especialmente quando comparados aos averiguados nas demais pacientes: entre as que receberam apenas o trastuzumabe não houve nenhum caso de resposta completa ao tratamento e apenas um caso de redução do tumor.
O próximo passo, segundo divulgou o CRUK, é investigar quais fatores tornaram algumas pacientes positivamente suscetíveis ao tratamento e outras não e se essas mulheres podem, realmente, evitar o tratamento de quimioterapia.