Trem-bala
Deputados do RS aprovam ferrovia até SP
Guilherme Voitch
A Assembleia Legislativa do RS aprovou, na semana passada, uma emenda ao orçamento do estado que prevê verba de R$ 500 mil para projetar a construção de um trem-bala que ligaria Porto Alegre a São Paulo, passando por Florianópolis e Curitiba, mas o Executivo gaúcho promete bloquear o projeto.
O deputado Paulo Azeredo (PDT), autor da proposta, já apresentou a emenda em outras três ocasiões, em que foi aprovada pelo Legislativo, mas derrubada pelo Executivo. Para que seu projeto ganhe força, Azeredo espera apoio de políticos catarinenses e paranaenses. O deputado não sabe qual seria o valor total da obra, mas tem seu traçado na cabeça. "Seria um trem que margearia a 101. Você faria Curitiba-Porto Alegre em cerca de duas horas", prevê. No entanto, em entrevista ao jornal Zero Hora, o secretário de Transportes gaúcho, Daniel Andrade, disse que não há a menor possibilidade de liberar dinheiro para o estudo de viabilidade. Segundo ele, o governo tem outras prioridades.
Maringá - Em meio às iniciativas do governo federal para a criação dos suntuosos trem-bala no Brasil, ligando Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, um projeto de trem de passageiros comum ensaia sair do papel. A proposta, menos arrojada, pretende ligar as regiões de Maringá e Londrina. Um estudo de viabilidade que apontará a demanda real e as obras necessárias para a ligação entre as duas cidades do Paraná deve ter início em dezembro e pode ficar pronto em seis meses. Segundo os idealizadores, o "Trem Pé Vermelho", como é chamado o projeto, pode ter sua primeira partida já em 2011.
Durante um seminário realizado em Londrina, na primeira semana do mês, o presidente da Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste), Samuel Gomes, disse que o trem é viável e a decisão de adotá-lo é irreversível. "A proposta está feita, o estudo vai entrar em andamento e o dinheiro vai estar disponível. Será um meio de transporte mais rápido e barato", concluiu. Para Gomes, ainda é cedo para falar em prazos, mas ele acredita que em 2011 os vagões já estejam nos trilhos. Segundo Afonso Carneiro Filho, coordenador do programa federal do Ministério dos Transportes, R$ 400 mil já teriam sido liberados para o início do estudo que apontará a demanda, horários, custos e perfil dos usuários.
De acordo com Gomes, um estudo da década de 1990, realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), já mostrava a ligação entre Londrina e Maringá como o segundo projeto no país com grande viabilidade para instalação de trens regionais de passageiros. "O Brasil se desenvolveu e a região que será abrangida pelo trem também. A iniciativa é viável porque se trata de um importante polo econômico onde existe demanda", explica Gomes.
Com os argumentos citados por Gomes, os idealizadores pretendem garantir parte do R$ 1,7 bilhão por meio do Ministério dos Transportes e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O trem percorreria as cidades de Ibiporã, Londrina, Cambé, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari, Marialva, Sarandi, Maringá e Paiçandu.
Outra linha paranaense foi indicada ao Ministério dos Transportes para integrar o programa de implantação de trens de passageiros entre Cascavel e Foz do Iguaçu. O diferencial no trecho entre essas cidades, na avaliação do presidente da Ferroeste, é que a malha ferroviária deve ainda ser implantada. Sendo nova, permitiria o desenvolvimento de velocidades maiores. "Com a construção também da linha entre Guarapuava e Paranaguá (passando por Curitiba), Curitiba ficaria a seis horas de trem de Foz do Iguaçu", vislumbra Gomes. Atualmente, o trecho feito de carro demora em média 8 horas, ou até 10 horas de ônibus.
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