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Justiça

Começa júri dos Nardoni

Anna Carolina e Alexandre: crime teria sido cometido por outra pessoa | Felipe Araújo/AE
Anna Carolina e Alexandre: crime teria sido cometido por outra pessoa (Foto: Felipe Araújo/AE)

Um pedreiro que ninguém acha, a transmissão ao vivo do julgamento, a falta da simulação do crime do ponto de vista da defesa e a permissão para o confronto de laudos técnicos com nabos e cenouras. São muitos os obstáculos que o juiz Maurício Fossen deve enfrentar hoje, a partir das 13 horas, para fazer o júri que decidirá se Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá atiraram do 6.º andar a filha dele, Isabella, em 29 de março de 2008, em São Paulo.

O criminalista Roberto Podval promete arguir todas as possíveis nulidades que signifiquem um cerceamento de seu trabalho. Podval tem certeza de que será impossível obter para seus clientes, diante do clima que cerca esse caso, um julgamento "justo, correto e honesto". A começar do fato de que a testemunha que ele julga essencial, a ponto de listá-la como primeira de sua relação de 20, não ter sido encontrada pelos oficiais de Justiça do 2.º Tribunal do Júri de São Paulo.

Trata-se do pedreiro Gabriel Afonso Neto. O homem teria dado uma entrevista dizendo que gente estranha invadira a obra onde ele trabalhava, ao lado do prédio habitado pelos Nardoni na noite do crime. Trata-se do único indício da suposta existência de um invasor no edifício London e que tivesse defenestrado Isabella.

Nabos e cenouras

Podval terá ao seu lado uma assistente técnica, Roselle Soglio, cuja função será contraditar os laudos, que se transformaram na peça angular da acusação. É com base em seu trabalho que Podval pretende levar nabos, cenouras, bananas e produtos de limpeza ao tribunal para demonstrar que a luz usada pelos peritos para procurar vestígios de sangue é capaz de produzir falsos resultados positivos.

O criminalista também vai insistir para que a defesa tenha o direito de apresentar uma reconstituição do crime segundo a versão do casal, a de que um estranho invadiu o prédio na noite do crime. Quem vai decidir se atende ou não aos pedidos da defesa será o juiz Fossen.

Caso todos os obstáculos sejam superados, o julgamento do casal começará com o sorteio dos jurados. Sete pessoas serão escolhidas entre um grupo de 40 indivíduos pré-selecionados pela Justiça. Nesse grupo há 23 mulheres e 17 homens. Defesa e acusação podem recusar, cada um, até três pessoas sorteadas.

Os jurados que devem decidir o destino do casal terão uma rotina bem controlada durante o julgamento, que deve durar até cinco dias. Durante esse tempo, os jurados vão dormir e fazer as refeições em instalações da Justiça. O cardápio dos jurados inclui, nas refeições principais, um marmitex com arroz, feijão, salada e um tipo de carne. No café da manhã e intervalos haverá café, leite, pão, manteiga e frios. A copa do fórum terá quatro funcionários durante o julgamento.

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