O transplante de medula óssea do menino João Daniel de Barros, conhecido como João Bombeirinho, começou às 17 h desta quarta-feira (24), no Hospital de Clínicas, em Curitiba. O procedimento deve durar entre quatro e seis horas, de acordo com uma médica da equipe que acompanha o procedimento.
A medula da doadora, uma norte-americana de 20 anos, chegou nesta quarta-feira ao Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais.
Em entrevista por telefone, na manhã desta quarta-feira (24), à Gazeta Maringá, a mãe do garoto, Ana Estevan, contou que João Bombeirinho estava um pouco enjoado, por conta da última sessão de quimioterapia à qual foi submetido na tarde de terça-feira (23). Ela disse que, mesmo assim, o filho estava feliz e ansioso pelo transplante e que, por isso, acordou mais cedo que de costume.
Ana contou também que, no início desta manhã, o sentimento de esperança era muito forte entre os familiares. "Parece que estou na maternidade aguardando o novo nascimento do João. Acho que é isso: uma vida nova para todos nós."
TratamentoEm Curitiba desde 10 de setembro, João Bombeirinho recebeu acompanhamento ambulatorial contínuo para saber se as condições clínicas dele permaneciam constantes para o procedimento.
Para receber a medula da doadora, João foi internado no HC há uma semana. Neste período, ele passou por sessões de quimioterapia e radioterapia, o que, de acordo com o hematopediatra do Serviço de Transplante de Medula Óssea do HC e responsável pelo caso, Lizandro Lima Ribeiro, é feito para eliminar a medula "doente" e prepará-lo para o recebimento da nova.
Depois do procedimento, o menino vai permanecer por aproximadamente cem dias em Curitiba, e a recuperação imunológica vai durar em torno de seis meses. Em entrevista coletiva em 5 de outubro, Ribeiro explicou que a cura total só poderá ser confirmada cinco anos após o transplante.
Para ajudar no sucesso do transplante, João deve receber cuidados especiais nos próximos meses, por causa da imunidade debilitada. Nesse período, o garoto terá uma alimentação especial, contato apenas com os pais e equipe médica e evitar o sol e ambientes abertos.
De acordo com Ribeiro, a chance de que os resultados do procedimento sejam positivos é de 70%. "O maior risco para ele é que a doença volte após o transplante, assim como para a maioria das crianças que passa por isso. Não temos como dar a garantia de que a doença não vai voltar, mas já é um grande passo", afirmou o médico.
Campanha nas redes sociaisJoão Bombeirinho é de Maringá e desde 2007 luta contra uma leucemia linfoide aguda, doença que afeta as células brancas do sangue.
Depois de passar por um primeiro tratamento que não trouxe resultados suficientes, o menino entrou na fila de transplante de medula óssea para tentar uma recuperação mais precisa. No fim de agosto deste ano, a família dele anunciou que um doador foi encontrado, fora do país, com 90% de compatibilidade, o que já é satisfatório para o transplante.
João ficou conhecido nas redes sociais, especialmente no Facebook, no qual ele e sua mãe acumulam mais de 6 mil amigos e apoiadores. Por conta disso, Ana Estevan adiantou que pretende aproveitar a rede de apoio formada para divulgar a campanha por doadores de medula óssea em todo país. "O apoio que recebi nesses cinco anos foi fundamental para me sentir fortalecida e acreditar que era possível encontrar a cura para o meu filho."
A mãe afirmou também que assim que João Bombeirinho estiver bem, ela pretende trabalhar para atrair mais doadores e ajudar famílias que vivem esse problema. Nos planos estão, também, palestras pelo Brasil.
"Percebi que muita gente que enfrenta esse problema desconhece a doença. Então, quero levar orientação. Quero mostrar que pode demorar, mas que é preciso acreditar que é possível vencer o câncer. O João é prova viva disso."
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