Ciudad del Este - O relatório do Departamento de Estado norte-americano insiste na denúncia de que há comerciantes ligados aos grupos Hezbollah e Hamas na região da Tríplice Fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina. A sede dos comerciantes, que enviariam dinheiro aos grupos do Oriente Médio, seria uma galeria comercial em Ciudad del Este, no lado paraguaio da fronteira.
Segundo o documento, o financiamento aos grupos tem origem na Galeria Pagé. A Casa Hamze, uma das lojas que funciona dentro da galeria, é citada com destaque. A Galeria Pagé é um centro comercial cuja maioria das lojas pertence a imigrantes árabes. Algumas portas estão fechadas e outras funcionam como importadoras. Na Galeria há desde lojas que vendem eletrônicos a roupas. O Ministério Público do Paraguai investiga comerciantes da Galeria Pagé por sonegação fiscal.
Em Ciudad del Este, o relatório provocou indignação dos comerciantes e da comunidade árabe. Segundo eles, a falta de provas esvazia o discurso dos órgãos de segurança norte-americanos.
Em 2006, o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos alegou ter descoberto uma rede de apoio logístico e financeiro para o grupo xiita Hezbollah, cuja base seria na Galeria Pagé. Na ocasião foram identificados nove cidadãos libaneses que estariam operando via galeria e na Casa Hamze.
Manipulação
O presidente da Associação Cultural Sírio-Brasileira de Foz do Iguaçu, Mohamad Barakat, diz que considera as acusações relacionadas à existência de fontes de financiamento ao terrorismo na tríplice fronteira infundadas. Para ele, os norte-americanos usam o medo para manipular a opinião pública e justificar ações no exterior. "Os americanos acharam um perigo, o perigo islâmico, e quem representa isso é o movimento Hamas e a república islâmica. Isso influencia as decisões do Congresso e da opinião pública americana", diz.
O líder árabe ainda afirma que até mesmo a imprensa norte-americana é usada para estratégias de manipulação. Há alguns anos, a rede de tevê CNN chegou a divulgar que Bin Laden esteve em Foz do Iguaçu, lembra.
"Esse relatório é uma mentira pelo que conheço da nossa Tríplice Fronteira. Conheço os patrícios um por um", alega Barakat. Ele também diz que o Hezbollah é um partido político, não uma facção terrorista, e que nem todos os mulçumanos xiitas são simpatizantes do grupo.
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