Um dos fatores decisivos para Daiane Freitas, 28, comprar uma perfumaria em Osasco foi o local: o movimento da avenida Presidente Costa e Silva deveria trazer, além de mais clientes, segurança. Ela adquiriu a loja em março de 2014 e, sete meses depois, foi assaltada pela primeira vez. Um homem armado levou um notebook do local.
Em fevereiro deste ano aconteceu o segundo roubo. Dois assaltantes levaram R$ 7.000 em produtos da loja. Um mês depois, a porta do comércio foi arrombada durante a noite, e levaram R$ 1.500.
“A gente fica apavorada, pensa em desistir,” diz Freitas. Ela afirma que, quando vai fechar a perfumaria, às 19h, conta com o auxílio de um vizinho. “Tem que se ajudar, não pode dar bobeira.” As câmeras de segurança do local não foram suficientes para identificar os ladrões em nenhum dos casos.
Na contramão do Estado de São Paulo e da capital paulista, a Grande São Paulo teve aumento nos casos de roubo nos primeiros sete meses deste ano. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (25) pela Secretaria da Segurança Pública, os roubos cresceram 3,4% de janeiro a julho deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
Também na avenida Presidente Costa e Silva, fica a ótica de Paulo Alves da Costa, 68. Onde ele instala seu comércio, é assaltado. Nos 45 anos de profissão, foi roubado em quatro lugares diferentes da Grande SP. Duas vezes em Guaianases (zona leste da capital), duas em Osasco, uma em Mogi das Cruzes e outra em Salesópolis.
Em Osasco, ele está há 21 anos. Ficou 18 em paz. Em 2012, porém, dois assaltantes armados entraram em seu estabelecimento e levaram seis caixas de relógio, que Costa comprara três dias antes por R$ 30 mil para revender.
“Prestei queixa e anunciei no jornal, mas nunca reavi o prejuízo”, conta o comerciante. Hoje, deixou de vender relógios por conta do valor chamativo. Um ano depois, foi roubado mais uma vez no local. Os assaltantes levaram colares que, somados, valiam cerca de R$ 100, diz Costa.
As filhas levaram-no para morar em São José do Rio Preto (a 450 km de São Paulo). Não funcionou. Ele diz que voltou em seis meses porque não gostava da vida no interior. “Se você for fechar sua loja com medo, vai fazer o quê? Tem que trabalhar”, diz.
Reação
Na mercearia de Marleide Alves, 38, seu filho Guilherme, 14, que tomava conta do local, passou por alguns apertos. Da primeira vez, em março, levaram uma caixa de chocolate. Da segunda, uma semana depois, seu celular novo. Na terceira, Marleide os enfrentou. E não voltaram mais.
“Vieram uns meninos com a mão embaixo da blusa. Eu gritei: ‘Estão com o que aí? Só leva se mostrar a arma.’ Saíram correndo na hora”, conta a cearense, rindo. “Se tentarem me assaltar aqui sem nada, é mais fácil eu mesma roubá-los.”