O restaurante da Praça Rui Barbosa oferece 2 mil pratos por dia, a R$ 1. A comida é preparada por 30 funcionários| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Boa mesa

Atraídos pela qualidade da comida, assalariados e aposentados são os principais consumidores do restaurante popular.

ENSINO

52% têm apenas o ensino fundamental.

12% estão cursando ou cursaram o ensino superior.

EMPREGO

49% declararam que estavam trabalhando.

30% se apresentaram como aposentados.

09% estavam desempregados.

CASA

67% têm casa própria.

Fonte: Prefeitura de Curitiba

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O número de cidades paranaenses que têm restaurantes populares deve dobrar até o fim do ano que vem. Atualmente, Curitiba, Toledo e Colombo servem refeições de baixo custo. Mas Maringá, Ponta Grossa e Paranaguá também vão entrar na lista. O da capital fez um ano em agosto e o de Colombo foi inaugurado há dois meses e meio. A razão do aumento de locais que servem esse tipo de refeição é o incentivo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que faz uma parceria com os municípios. Podem participar cidades com mais de 100 mil habitantes e o valor das verbas chega a R$ 1,4 milhão para a implantação ou até R$ 500 mil para modernização dos locais já construídos.

Um novo edital encerrou as inscrições ontem. De acordo com o MDS já foram investidos no estado mais de R$ 8 milhões. No país, os números chegam a R$ 117 milhões, que possibilitaram o funcionamento de 53 restaurantes servindo 75 mil refeições por dia. Para o próximo ano estão previstos mais 68 estabelecimentos.

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No Paraná são quase 5 mil refeições servidas diariamente. Na capital, são 2 mil pratos a R$ 1, preparados por 30 pessoas. Para o próximo ano o objetivo é dobrar a produção. Um restaurante está sendo construído no Sítio Cercado e mais dois estão previstos. O custo mensal para a prefeitura é de aproximadamente R$ 76 mil.

Os freqüentadores aprovam a comida e há poucas reclamações. A única é o tamanho da fila. "Não há previsão de ampliação aqui na Rui Barbosa, pois a nossa intenção é construir nos bairros", afirma Elio Ventura, diretor do Departamento de Educação Alimentar e Nutricional da prefeitura.

Em Toledo, o governo federal também auxilia o município por meio do programa Compra Direta, que adquire os alimentos direto dos produtores rurais. "O programa custeia 30% dos gastos do restaurante. O restante é dividido entre a prefeitura e a venda dos bilhetes", diz Luiz Carlos Basi, responsável pelo programa. O valor da refeição é R$ 1,50 e os principais clientes são trabalhadores assalariados dos parques industriais da região.

A prefeitura de Colombo inaugurou o restaurante popular há quase três meses no Alto Maracanã. Já no segundo mês houve um aumento em função da demanda. Foram incluídas mais 200 refeições e hoje são servidas 1,2 mil por dia, também a R$ 1. O público-alvo são trabalhadores e moradores da região. O valor real da refeição é R$ 3,09. A diferença é subsidiada pela prefeitura.

Perfil dos freqüentadores

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Um estudo realizado pela prefeitura de Curitiba e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostrou o perfil dos freqüentadores do restaurante popular da regional Matriz, em Curitiba. A maior parte é assalariada e tem renda familiar média de R$ 1.051,88. Na fila, há estudantes, vendedores e muitos aposentados, todos atraídos pelo baixo preço e fama de comida boa. Os estudantes Rafael Miranda Barbosa, 17 e Willian Da Silva Solano, 18, sempre almoçam no local e não reclamam de perder 30 minutos na fila. "A gente vai conversando e nem vê o tempo passar. Além do mais o frango deles é ótimo", diz Rafael.

A administração afirma que o número de moradores de rua e catadores de papel que almoçam no local é grande. "A fila acaba selecionando. Quem come aqui é realmente quem precisa", diz Elio Ventura. O guardador de carros José Airton Ferreira diz que os trocados que ganha possibilitam que tenha uma refeição adequada no restaurante popular. "É mais barato que uma coxinha." As reclamações são raras, apenas do tamanho da fila e da quantidade servida. Mas a maioria afirma que a espera vale a pena. "Melhor que isso, só comida de mãe", diz Celênio Roque Moreno, autônomo. A opinião dele é confirmada pelo estudo: 93,4% dos entrevistados consideram o serviço ótimo ou bom.