
A Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu determinou que uma comissão médica analise o caso do menino Samuel da Silva Souza Júnior, de 3 anos, operado depois de passar cinco dias com um projétil alojado na cabeça. Levado a dois postos de pronto-atendimento, nos dias 22 e 25, o menino foi liberado sem que em nenhuma das ocasiões as médicas de plantão detectassem o problema.
Todos os procedimentos adotados pelas profissionais e pela equipe serão avaliados e o parecer fará parte de um relatório solicitado com urgência pela administração municipal.
Estima-se que o laudo apontando se houve negligência seja concluído até o dia 20 de fevereiro. Conforme o resultado, a secretaria pode determinar a abertura de uma sindicância interna para apurar o caso e decidir se as médicas devem ser responsabilizadas.
"Até agora não houve queixa formal por parte da família", afirma a secretária municipal de Saúde, Lisete Palma de Lima. "Também não temos nenhuma reclamação de qualquer outro usuário. Independentemente dos esforços, nunca estaremos livres de casos como este, mas cabe agora evitar que aconteça de novo."
A mãe de Samuel, a dona de casa Liliane dos Santos Ramos, de 22 anos, garantiu que deve recorrer à Justiça para ver responsabilizado o que considera um erro médico. "Vamos tomar uma medida judicial contra os médicos", promete. "A falta de atenção nos postos de saúde é injustificável. O mínimo que os especialistas deveriam ter pedido era um raio-x porque o Samuel apresentava sangramento."
Ao contrário do procedimento esperado, a mãe relata que na primeira consulta a médica receitou analgésicos e antiinflamatórios e fez um curativo no ferimento.
Sobre a qualidade do quadro médico da prefeitura, Lisete argumenta que ela pode ser atestada pela avaliação do currículo e por meio de consulta ao Conselho Regional de Medicina. Segundo ela, cabe ao gestor de saúde garantir estrutura e equipe de apoio adequados, suficientes para o bom desempenho profissional e garantia de qualidade na prestação do serviço público. "Já o risco por um diagnóstico correto e a conduta são de responsabilidade do médico", aponta.
Na avaliação da titular da pasta, a estrutura de saúde do município e a qualidade do atendimento estão acima da média estadual. Com 26 unidades, 32 equipes do Programa Saúde da Família, dois pronto-atendimentos 24 horas que somam em média 600 atendimentos diários , três hospitais conveniados e um municipal, o problema está na escassez de profissionais. A prefeitura mantém 70 médicos especialistas. "Ter uma equipe de profissionais qualificados é um desafio constante", observa a secretária, ao adiantar que a falta de médicos pode ser resolvida com um plano de aumento de remuneração que está sendo estudado pelo município.