Para a professora Henriette Emílio, do departamento de Biologia Geral da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a proibição do uso de cobaias não é a melhor alternativa, já que alguns experimentos são essenciais para a pesquisa. "É inviável cortar o uso de cobaias. A relevância do resultado da pesquisa tem de ser levada em conta. A complexidade de um sistema vivo não se consegue em modelos artificiais", diz.
Henriette afirma que a discussão sobre a legislação deve ser feita entre as diversas partes interessadas, mas nenhuma posição extrema beneficiaria a sociedade. "Ainda é possível diminuir muito o número de animais usados, racionalizar o uso nos projetos de pesquisa", comenta, se referindo a criação dos comitês de ética prevista no projeto da Lei Arouca.
Na UEPG, o grupo responsável pela avaliação do uso de cobaias nos projetos é na verdade uma sub-comissão, que funciona dentro do Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos. Responsável pela sub-comissão, o professor Marcos Aleixo conta que todos os projetos que pretendem utilizar cobaias tem de justificar o número e a necessidade do uso ao grupo. " Isso para que os animais tenham um mínimo de sofrimento possível, sem perder a qualidade da pesquisa", afirma Aleixo.
Segundo ele, as ementas das disciplinas que envolvem aulas práticas com animais também serão revisadas pelo comitê, ainda em fase de implantação. A UEPG não tem o número exato de animais utilizados para a pesquisa. Como não existe um órgão regulador do tema, nem o próprio Colégio Brasileiro de Experimentação Animal conhece esse número, em nível nacional. (RA)