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Embora vários cursos permaneçam com altos índices de concorrência nos vestibulares, as carreiras "consagradas" também têm vagas não-preenchidas no ensino superior brasileiro. No Censo do Ensino Superior 2004, o Ministério da Educação divulgou o número de vagas e alunos ingressantes para cada curso. Em Direito, foram oferecidas 220 mil vagas no Brasil inteiro, e 147 mil foram preenchidas – sobrou um terço. Os cursos ligados a engenharias, produção e construção têm ocupação de 58%. Apenas Medicina escapa da tendência: mais de 90% das vagas são preenchidas.

"As licenciaturas estão muito em baixa", afirma Neuza Aparecida Ramos, pró-reitora de Graduação da PUCPR. As relações candidato/vaga do vestibular que termina hoje revela a falta de popularidade de cursos como Letras (três das quatro opções têm mais vagas que vestibulandos) e Matemática (1,05 candidato/vaga). "As pessoas não querem estudar quatro anos para ganhar mal depois", explica Neuza. No entanto, para o presidente do sindicato das escolas particulares do Paraná (Sinepe-PR), José Manoel Caron Junior, anos de "abandono" por parte dos jovens criaram uma nova demanda. "Está cada vez mais difícil achar bons professores em certas áreas, como Física, e eles estão se tornando profissionais valorizados. Aposto que em breve mestres de Espanhol e Filosofia também serão muito requisitados."

Outros cursos representam um mistério, na avaliação de Neuza. "Não entendemos por que o curso de Secretariado Executivo tem uma procura tão baixa, já que a empregabilidade é boa e nosso programa é bem avaliado pelo MEC", afirma – o número de candidatos no vestibular 2006 é pouco mais que a metade das vagas oferecidas. Cursos como Turismo e Fonoaudiologia, que já tiveram mais procura, agora também enfrentam falta de interessados.

Segundo Neuza, o fato de todas as faculdades oferecerem os mesmos cursos em todos os lugares é uma das causas da saturação. Algumas soluções para evitar classes vazias já estão sendo empregadas, afirma Caron, do Sinepe-PR. "Primeiro, as escolas foram para o interior e absorveram o aluno que não precisava mais ir à capital, o que pesava mais no orçamento da família. Hoje só não tem faculdade a cidade que ainda não tem potencial ou demanda para isso", descreve. A segunda saída é buscar os cursos que se adaptam à vocação de cada região. "O surgimento do pólo automobilístico em São José dos Pinhais levou ao surgimento de vários cursos que deram pessoal qualificado à indústria. Em Maringá o setor têxtil está inspirando novos cursos, e outras regiões do Paraná priorizam carreiras ligadas à produção agrícola. A pessoa se forma e tem mercado sem precisar sair da cidade", completa.

Um paliativo para as faculdades é o programa Universidade Para Todos (ProUni), em que as instituições concedem bolsas a estudantes carentes, classificados pela nota do Exame Nacional do Ensino Médio, e conseguem descontos em impostos. "A idéia de trocar tributo por educação é um grande negócio", diz Martins. No entanto, apenas o ProUni não será suficiente para preencher as 60 mil vagas que sobram nos vestibulares anualmente – em 2004, as instituições paranaenses concederam 9.483 bolsas de estudo, 5.615 integrais e 3.868 parciais.

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