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Três vezes por semana, a doula Talia de Souza reúne gestantes para sessões de yoga. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Três vezes por semana, a doula Talia de Souza reúne gestantes para sessões de yoga.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Profissionais responsáveis por amparar as gestantes antes, durante e depois do parto, as doulas ainda não têm seu trabalho regulado em Curitiba. Maternidades públicas e privadas se dividem entre as que permitem, proíbem ou impõe regras para a entrada destas profissionais. A melhor saída é informar-se antes do nascimento, com o médico obstetra, as instituições e as próprias doulas.

Onde encontrar

Grupos de gestantes, yoga, preparação emocional, física e psicológica. As doulas trabalham com todos estes aspectos. O custo pode variar entre R$ 500 e R$ 1,5 mil. Confira os grupos que atuam com o serviço em Curitiba:

Nos hospitais que atendem pelo SUS o que prevalece é o serviço voluntário. No Hospital do Trabalhador há sempre um profissional de plantão, que entra na sala de parto junto com a equipe. Se a profissional não for da equipe do hospital, só pode entrar na sala sob condição de acompanhante, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Nestes casos não é permitida a entrada do pai da criança, mãe da parturiente ou qualquer outra pessoa, pois apenas uma pessoa pode acompanhar o parto. O Hospital de Clínicas também mantém uma equipe de voluntárias. Pessoas de fora entram como acompanhantes.

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“O médico entrou e falou ‘Vamos fazer esse bebê nascer’. Mandaram eu fazer força, mas não conseguia por causa do quadro de pressão alta. O médico disse que eu seria a primeira mulher do mundo que não ia conseguir parir um filho. Uma enfermeira debochou, disse que ‘na hora de fazer foi bom’. Comecei a pedir desculpas, me sentia culpada. ‘Seu bebê vai morrer’, o médico dizia. Três enfermeiras empurraram minha barriga, e ele nasceu em silêncio”.

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O Hospital Evangélico está atualmente com o serviço de doulas suspenso. Mantido pela Sociedade Evangélica Beneficiente, a instituição presta cerca de 90% de seus atendimentos via SUS.

No Programa Mãe Curitibana, o serviço de doulas voluntárias está em fase piloto na Maternidade do Bairro Novo. Sem substituir os maridos na hora do parto, as mulheres do grupo também acompanham as gestantes nas consultas, exames pré-natal e nos primeiros cuidados com a criança. O grupo foi formado em um curso de 80 horas da própria Secretaria Municipal de Saúde, em setembro do ano passado. Uma segunda turma deve ser aberta ainda neste ano, com data a ser definida pela própria administração da regional.

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O serviço de doulagem pode ajudar a “reduzir o tempo de trabalho de parto, o uso de medicamentos [pois elas têm métodos não farmacológicos para redução da dor] e reduzem o número de cesarianas”, segundo o coordenador do Mãe Curitibana, o obstetra Wagner Barbosa Dias. Quanto a permitir doulas particulares, Dias considera que isso infringe o princípio de gratuidade do SUS. “Não pode, assim como não pode ter um anestesista particular. Se você for ver na parede de qualquer hospital público está escrito que nenhum serviço pode ser cobrado”, justifica.

Particulares

Na Maternidade Mater Dei (vinculada ao Hospital Nossa Senhora das Graças), a paciente deve informar o médico que, por sua vez, comunica a instituição da participação de uma terceira pessoa. As doulas podem entrar “junto com o pai, porém sempre respeitando as normas e orientações da equipe multiprofissional.”

Na Maternidade Curitiba, a profissional faz o cadastro apenas uma vez. É preciso comprovar ter feito o curso na área, apresentar documentos pessoais, carta de apresentação e a autorização de um médico. Na Nossa Senhora de Fátima, o procedimento é o mesmo. A instituição possui inclusive uma sala de parto humanizado, equipada com colchão, mola e outros equipamentos, construída sob a orientação de uma doula.

Já o Hospital Santa Cruz exige formação na área de enfermagem, segundo relatos de profissionais da área. A doula Katya Kur Bleninger conta que foi barrada ao acompanhar uma parturiente, em setembro de 2014, e a regra da formação na área persiste até hoje. Procurada pela reportagem, a assessoria do hospital não retornou.

Afinal, que profissional é essa?

Fundadora do grupo Doulas do Brasil, Ana Cristina Duarte explica que a palavra “doula” vem do grego: “Mulher que serve”. A origem do termo é tão antiga quanto a prática. Ao longo da história, a parturiente teve ao seu lado a presença de mulheres mais experientes; mães, amigas ou vizinhas que já tinham vivido a experiência do parto. No mundo contemporâneo, são mulheres que resgatam essa tradição para dentro do cenário da obstetrícia. “É outro tipo de vínculo, a profissional que entende da parte técnica e que sabe ajudar a mulher para aliviar a dor, faz ela se sentir mais à vontade”, explica a doula Katya Kur Bleninger.

Cada profissional trabalha de uma forma. O custo varia entre R$ 500 e R$ 1,5 mil. Talia Gevaerd de Souza faz rodas de conversa e encontros individuais com as mulheres grávidas. Três vezes por semana ela promove grupos de yoga para gestantes. É uma forma de trabalhar não só o psicológico, mas o físico das futuras mães.

Patricia Bortolotto é uma das pioneiras no trabalho. Quando fundou o Nascer Com Respeito, em 2008, não havia grupos de doulas em Curitiba. Ela faz um preparo físico e psicológico com a gestante, e auxilia com dicas de amamentação e adaptação, nos primeiros dias após a chegada do bebê. Patricia trabalha com um valor fixo na hora do nascimento, independentemente da duração do trabalho de parto.

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