As mudanças climáticas previstas a partir do aquecimento do planeta devem afetar o Paraná de maneira diferente em algumas regiões. Esse é o resultado de um estudo preliminar realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.
As bases do levantamento – que cruzou uma enorme quantidade de dados – serão apresentadas durante o Seminário Indicadores de Vulnerabilidade à Mudança do Clima, que ocorre na terça-feira (11), em Curitiba. A pesquisa completa só deve ficar pronta (e ser divulgada) em 2017.
A estimativa foi projetada para o período entre 2041 e 2070 e prevê que a maior parte do Paraná terá dias mais secos e mais quentes. As regiões mais impactadas devem ser a Norte, Noroeste e Oeste. A temperatura pode subir até 5,7°C em algumas localidades. Parece um número baixo, mas é muito significativo – em comparação, basta lembrar as projeções de catástrofes climáticas, com fenômenos meteorológicos extremos e aumento do nível dos oceanos, a partir da perspectiva de elevação de 2°C no planeta.
Os municípios do Norte do Paraná devem ser os mais afetados, devido ao clima mais seco nesta região e a destruição da vegetação nativa. Já para as regiões mais frias, como Palmas e General Carneiro, é previsto aumento de até 20% no volume pluviométrico. Curitiba poderá ter elevação de mais de 3°C, com aumento de 30% no número de dias seguidos sem chuva. Contudo, como o volume das precipitações permanece o mesmo, a perspectiva é de que ocorram menos chuvas, mas mais intensas.
Para o estudo foram considerados não apenas aspectos ambientais, mas também econômicos e sociais. As condições educacionais da população e a oferta de rede de saúde, por exemplo, foram avaliadas para determinar a vulnerabilidade de cada município. A intenção é que os dados sejam usados pelas administrações públicas.
O Paraná foi o único estado na Região Sul a ser pesquisado. Os outros cinco estados avaliados foram Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Pernambuco.
O estudo da Fiocruz se concentra nos efeitos associados a doenças. A mudança nas temperaturas e no regime de chuva interfere na proliferação de vetores, como o mosquito Aedes aegypti. A potencial diminuição da biodiversidade, a partir de alteração dos ciclos de plantas e animais, também foi projetada. O cenário indica ainda impactos na agricultura.