Brasília A reboque da crise aérea e do caos recente, representantes das empresas aéreas pressionaram ontem o governo pela privatização gradual dos aeroportos brasileiros, sob argumento de ineficiência da Infraero.
Antes, o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) já havia sugerido que o controle do tráfego civil passasse da Aeronáutica para um novo órgão no Ministério da Defesa.
A proposta de privatização foi apresentada ontem em reunião no comando da Aeronáutica por executivos da Gol, TAM e OceanAir. Segundo os senadores presentes, a discussão foi áspera, e o brigadeiro Luiz Carlos Bueno, comandante da Aeronáutica, rejeitou completamente o conceito.
Após duras críticas das companhias sobre informações erradas para os passageiros, falta de balcões de atendimento para as empresas e dificuldades de infra-estrutura nos terminais, as companhias decidiram apresentar um estudo com cronograma de privatizações. A idéia seria começar com obras paradas ou com terminais.
Porém, Bueno teria reagido e dito que o plano é inviável porque 11 aeroportos são superavitários, mas 70 dão prejuízo. Portanto, não haveria mercado para a maioria deles. Milton Zuanazzi, presidente da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil), é favorável às privatizações, mas também expressou ponderações. "É preciso fazer o debate completo. É importante resolver Guarulhos, mas não podemos esquecer Tabatinga", disse em outro evento.
Na reunião, segundo senadores, a Anac também sofreu críticas pela gestão da crise. Para se defender, reclamou que a autonomia administrativa não basta e que faltaria independência financeira e mais verbas para atuar melhor no setor.
A Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) não foi à reunião. Procurada, não se pronunciou até as 20h. "É lamentável que faltou a Infraero", disse o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
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