Futuros moradores do Condomínio Parque das Nações, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, realizaram uma manifestação na manhã deste sábado (23) contra o atraso na entrega dos apartamentos. Os moradores reclamam do atraso na entrega dos apartamentos, que estava prevista para dezembro de 2014. Até agora, nenhuma unidade foi entregue pela construtora e os compradores continuam sem resposta.
“Na maioria das vezes eles nem nos tratam com respeito no sentido de dar uma explicação”, reclama a engenheira de produção Stephanie Rohen, que comprou um dos apartamentos do condomínio. “Eles mandaram uma carta ontem dizendo que as obras irão ser finalizadas o mais breve possível”, disse.
A incerteza quanto a data de entrega da obra gera dificuldades para os moradores. Stephanie conta que programou o casamento com o objetivo de morar na casa própria, mas dez meses depois ainda paga aluguel – além de pagar o financiamento. “A gente organizou nosso casamento para quatro meses depois de todos os prazos”, explica a engenheira de produção. “Hoje a gente gasta exatamente R$ 1,2 mil em aluguel fora os R$ 1 mil da prestação”, reclama.
Esse não é o único problema, de acordo com a compradora. Ela diz que já teve prejuízos por perder produtos que já estão fora da garantia por não conseguir mudar para o novo lar. “Eu tenho tudo comprado. Piso, eletrodomésticos, tudo guardado na casa dos outros porque no apartamento não cabe. Nesse meio tempo teve coisas que a gente comprou que venceu a garantia”, diz Stephanie.
Edson da Cruz, desempregado, também compareceu ao protesto com o filho pequeno. Ele conta que precisou fazer um empréstimo para pagar a entrada do financiamento e ainda paga aluguel – além das parcelas do imóvel que ainda não está pronto. “Um sonho que a gente foi atrás está se tornando um pesadelo porque agora a gente não consegue fazer outro financiamento”, reclama.
O plantão de vendas, que fica ao lado do condomínio, estava fechado na manhã deste sábado. A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com a imobiliária Emec, responsável pelas vendas, mas ninguém foi localizado. Ninguém foi localizado também na construtora responsável pelo empreendimento, a Fórmula Empreendimentos Imobiliários.
Protesto
Cerca de 70 manifestantes saíram da frente do condomínio e bloquearam o cruzamento da Avenida Rui Barbosa com a rua Alfredo Pinto, em São José dos Pinhais por volta das 10h50. Os manifestantes fizeram barulho e impediram que os carros passassem em todos os pontos do cruzamento. O trânsito ficou complicado no local por cerca de uma hora e meia.
Com a chegada da Polícia Militar os manifestantes começaram por volta das 11 horas uma caminhada pela avenida até a agência da Caixa Econômica Federal, próxima ao terminal de ônibus da cidade. O grupo bloqueou a pista e foi escoltado pelas viaturas.
Entenda o caso
As obras do conjunto habitacional Parque das Nações no bairro Afonso Pena, em São José dos Pinhais, foram suspensas pela Justiça em março de 2015. A Justiça entendeu que há problemas ambientais envolvidos na construção porque o empreendimento estaria em um manancial de uma área de preservação ambiental. Cabe recurso.
A decisão saiu depois que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) entrou com uma Ação Civil Pública contra a construtora Parque das Nações Empreendimentos Imobiliários Ltda. O MP-PR defendeu na ação que no local “é possível observar o aterramento de zonas úmidas e alagadiças, em partes do imóvel.” Apesar disso, a empresa obteve licenças ambientais da prefeitura de São José dos Pinhais e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP).
No total, há 624 unidades habitacionais e um imóvel com 58 unidades comerciais em construção. O Ministério Público diz que parte dos imóveis foi financiada pela Caixa Econômica Federal (CEF) e a estimativa é de que cerca de 50% das unidades estejam vendidas. No início do processo, a CEF constava como uma das rés. Mas a própria Caixa informou que a instituição financeira foi excluída da lista de réus durante os trâmites.
As obras no condomínio estão em estágio avançado. A juíza, no entanto, ponderou que é melhor priorizar a proteção do meio ambiente do que outros direitos constitucionais, como o direito a moradia. Ela cita que os problemas causados por um dano ambiental podem ser irreparáveis.
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