Três meses depois da reunião entre representantes do governo federal e lideranças indígenas em busca de soluções para a pacificação da região sul do Mato Grosso do Sul, um grupo da comunidade Guarani Kaiowá foi novamente atacado a tiros por pessoas não identificadas. A suspeita dos indígenas é de que o ataque de terça-feira (28), assim como os de outras ocasiões, partiu de fazendeiros da região que tentam reaver a terra ocupada pela etnia.

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De acordo com os indígenas, esse foi o primeiro ataque na presença de autoridades. Os tiros, segundo os indígenas, foram disparados no momento em que a comunidade estava reunida com representantes do Ministério Público Federal (MPF) do estado. Em nota, o MPF em Ponta Porã explicou que o objetivo do encontro era tratar da questão fundiária e escutar as demandas da comunidade. De acordo com os relatos da equipe, a reunião transcorria normalmente. "Ao final do encontro, a equipe do MPF escutou o barulho de dois tiros e, minutos depois, mais dois tiros para o alto, à distância", segundo informou a nota.

Os conflitos na área próxima ao município de Paranhos, fronteira entre MS e Paraguai, começaram quando o governo federal reconheceu, demarcou e homologou a terra indígena Arroio Korá, em dezembro de 2009. Poucos dias depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a continuidade do processo de homologação, atendendo aos proprietários das fazendas. A liminar ainda está mantida e o processo foi entregue, segundo a assessoria de imprensa do órgão, à ministra Rosa Weber, que ainda está analisando o caso.

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A indefinição judicial é apontada pelas lideranças indígenas como motivadora dos conflitos. De acordo com o STF, não existe prazo ou expectativa de data para o julgamento. A área homologada pelo governo federal é aproximadamente 7 mil hectares e atualmente os índios ocupam uma área de aproximadamente 500 hectares.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo menos dois inquéritos já foram instaurados pela Polícia Federal na região. Um deles apura o desaparecimento do indígena Eduardo Pires após um atentado ocorrido há mais de um ano. Em outro inquérito, agentes da PF estão interrogando fazendeiros da região que ameaçaram lutar pela área, com mensagens gravadas em vídeos divulgados na rede social de computadores.

Há poucos meses, cerca de dez pessoas ameaçadas de morte na região foram inseridas nos programas de proteção da Secretaria de Direitos Humanos (SDH/PR). Ainda segundo a Funai, tanto agentes da Polícia Federal como da Força Nacional de Segurança preparam ações preventivas contra a violência na região, como rondas nas aldeias.