Doze dias após o temporal, ainda estão escondidas na Região Serrana do Rio pequenas comunidades onde o nível da água não baixou. Em Rio Grande de Cima, na periferia de Nova Friburgo, há pontos em que apenas os telhados das casas estão aparentes e não há previsão de que o terreno volte a ficar seco.
Os deslizamentos de terra e rochas mudaram a geografia de parte dos municípios a tal ponto que não há mais vias de escoamento para a água que se acumulou em vales da região. Em alguns casos, os cursos dos rios foram desviados, e a água começou a correr em locais onde antes moravam famílias. Como reverter esse cenário seria caro e trabalhoso, é provável que essas comunidades fiquem alagadas para sempre.
"Convocamos geólogos para entender o que aconteceu, mas pode ser preciso dar uma nova moradia a essas populações. Se as casas estão submersas, não há o que recuperar, e não podemos errar de novo, ao permitir que essas famílias voltem a viver ali", afirmou o vice-governador e secretário de Obras do Rio, Luiz Fernando Pezão.
O alagamento de comunidades localizadas em vales também pode ter sido causado pelo acúmulo da terra dos deslizamentos no fundo dos rios. O assoreamento teria provocado um aumento do nível da água, o que provocaria inundações constantes nessas áreas. Ainda não há uma estimativa do número de moradores afetados pelo fenômeno em Nova Friburgo, mas equipes de socorro acreditam que todos sobreviveram e conseguiram se abrigar em localidades próximas.
Apesar de terem resistido às inundações, algumas dessas áreas ainda estão isoladas por deslizamentos que interditaram parte das estradas. Áreas alagadas também foram registradas no município de São José do Vale do Rio Preto, também afetado pela chuva. Equipes formadas por militares e paramédicos foram as primeiras a fazer contato com moradores das regiões inundadas.
Apesar do terreno acidentado e do solo encharcado, helicópteros conseguiram pousar em áreas próximas, levando mantimentos e remédios para a população. Médicos e enfermeiras contam que a maior parte dos moradores já percebeu que não voltará a viver nas casas que ainda estão alagadas. "Eles caminham pela região e sabem como está a situação. São comunidades que já não tinham muita estrutura, então é possível que voltem em breve para sua situação normal, que é de miséria", relatou o médico Rodrigo Caselli, que participou de operações aéreas em helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo a Defesa Civil de Nova Friburgo, sete localidades da periferia do município ainda estavam isoladas até hoje. Todas ficam a oeste e norte do centro da cidade, que também foi devastado pela tempestade. São elas: Rio Grande de Cima, Canjiquinha, Colonial 61, Vargem Alta, Ribeirão do Capitão, Três Picos e Córrego Frio. Moradores dessas comunidades já receberam alimentos e outros mantimentos, mas ainda precisarão de donativos e de auxílio de equipes aéreas enquanto a passagem de automóveis não for desbloqueada.
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