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Cidade do Samba

Comunidades de escolas atingidas por incêndio creem em superação

Em Oswaldo Cruz e Madureira, no subúrbio do Rio, Ilha do Governador e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o clima de euforia com a proximidade do carnaval deu lugar a tristeza nesta segunda-feira (7), após o incêndio na Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio, que destruiu cerca de 8.400 fantasias da Portela, União da Ilha e Grande Rio – as três escolas que tiveram os barracões atingidos pelo fogo. Cada escola tem entre 3.500 e 4 mil componentes.

"A gente brincou ontem aqui na rua. A Portela veio muito bem, botou o bloco na rua, aqui ficou superlotado. E, infelizmente, me acontece um negócio desses", disse Mário Galvão, compositor da escola de Madureira, lembrando o ensaio de rua na noite de domingo (6). Praticamente todas as fantasias da União da Ilha foram queimadas. Só sobraram três que estavam sendo feitas em outro lugar. Entre elas, a fantasia da rainha de bateria Bruna Bruno, que tentou não perder o otimismo. "O Carnaval da Ilha era um carnaval pra vir pro Desfile das Campeãs. E vamos continuar brigando, porque isso vai dar mais garra pra gente", disse Bruna.

O presidente da União da Ilha, Ney Filardi, passou mal e foi medicado. Segundo ele, sete dos oito carros alegóricos foram salvos. Ney disse que mesmo com todo prejuízo, a escola não vai deixar de entrar na avenida. "A União da Ilha vai para a Avenida, mesmo que seja de bermuda, descalço e sem camisa. Vamos desfilar e vamos manter o brilho e a alegria dessa escola tão querida em território nacional", garantiu Filardi. Mas o barracão que ficou mais destruído foi o da Grande Rio. No sábado, a comunidade estava em festa e realizou um grande ensaio na principal avenida de Duque de Caxias. "Acabei de receber a informação de que meu barracão acabou todo, tentar juntar o que sobrou, se é que sobrou alguma coisa", disse Hélio de Oliveira, presidente da Grande Rio, bastante desolado. Cantando o samba enredo, que entre a velha guarda na frente da escola e se faça representada, porque é a história. Não podemos deixar um incêndio rasgar a história do carnaval carioca"Estevão Nazareno, comercianteMas, apesar da tristeza, o desejo é grande de ver as escolas dando a volta por cima neste carnaval. Para as comunidades o importante é se unir nessa hora difícil. "Cantando o samba enredo, que entre a velha guarda na frente da escola e se faça representada, porque é a história. Não podemos deixar um incêndio rasgar a história do carnaval carioca", afirmou o comerciante portelense Estevão Nazareno, resumindo o espírito de luta e esperança para reerguer as escolas atingidas pelo incêndio.

Demolição parcial de barracões atingidos

Após uma vistoria prévia nos galpões atingidos pelo incêndio na Cidade do Samba, o engenheiro representante da Defesa Civil municipal, Luiz André Moreira Alves, informou que toda a estrutura interna do segundo pavimento desses imóveis será demolida.

"Essa foi uma vistoria preliminar, onde nós verificamos que no trecho do segundo pavimento dos galpões que eram utilizados pela Grande Rio, Portela, União da Ilha e parte da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) houve um comprometimento de estrutura na parte superior e a gente vai entrar com uma obra emergencial para fazer a demolição desse pavimento, para que a gente possa manter íntegro o pavimento térreo e causar menos transtornos no local", explicou Luiz André Moreira Alves.

Ainda segundo o engenheiro, a ideia da Defesa Civil é começar a demolição o mais breve possível. "Nós estamos aguardando apenas o parecer do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Eles liberando o local entramos para fazer a demolição", completou ele.

Cooperação

União da Ilha precisa reconstruir enredo sobre Darwin e origem da vidaAs escolas de samba do Rio de Janeiro marcaram uma reunião com todos os presidentes do grupo especial para a noite desta segunda. A ideia é discutir formas de ajudar as agremiações afetadas pelo incêndio na Cidade do Samba e tentar encontrar soluções no regulamento para o desfile do carnaval 2011.

"Temos que tentar ajudar quem já está muito prejudicado", disse o carnavalesco da Unidos da Tijuca, Paulo Barros. "Vamos ajudar com o que puder, fantasias, carros alegóricos, até presidente", reiterou a presidente do Salgueiro, Regina Celi. "Vamos nos reunir, às 19h, para encontramos a melhor contribuiçãol", completou o presidente da Beija-Flor, Anísio Abraão David.

‘Qualquer ajuda é bem-vinda’, diz diretor da Ilha

Para o diretor de carnaval da União da Ilha, Márcio André Souza, qualquer ajuda é bem-vinda. "Os presidentes se propuseram a ajudar com alegorias, carros e materiais e o prefeito se dispôs a contribuir com uma ajuda financeira às escolas atingidas", disse ele.

O presidente da Portela, Nilo Figueiredo, acredita na força da solidariedade. "Vamos usar a comunidade para ajudar", afirmou ele. "Confio nas escolas irmãs", resumiu Helinho de Oliveira, da Grande Rio.

Mudanças no regulamento

A esperança das escolas afetadas, agora, é que as outras agremiações e a Liesa aceitem a sugestão do prefeito Eduardo Paes para que nenhuma escola seja rebaixada ao Grupo de Acesso no carnaval deste ano.

A Liesa, no entanto, não confirma a mudança. "Nesta reunião, serão discutidas as medidas a serem tomadas e onde as escolas que perderam o espaço do barracão poderão recomeçar a se estruturar", disse o presidente de carnaval da Liga, Elmo José dos Santos.

"Acho que é um consenso que nenhuma escola deva cair, uma sobe e ano que vem, duas escolas descem", disse o diretor de carnaval da União da Ilha, Marcio André de Souza, que já viu sua escola sofrer com danos e se recuperar nos carnavais de 1994 e 1999. "Mas, nesses, tivemos mais tempo para recuperação", lembra ele.

Como foi

As chamas na Cidade do Samba, onde funcionam barracões de 14 escolas de samba, foram controladas pouco antes das 11h. Ao todo, 39 carros dos bombeiros de sete quartéis e 80 homens foram enviados ao local. Os barracões da Liesa, Grande Rio, Portela e União da Ilha foram afetados.

Ainda não há informações sobre feridos, mas a Secretaria municipal de Saúde confirmou que um homem de aproximadamente 30 anos deu entrada intoxicado no Hospital Souza Aguiar, no Centro, depois de ter inalado grande quantidade de fumaça. Ele passa bem.

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