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SEGURANÇA pública

Comunidades de UPS clamam por contrapartida social

Policiamento em área de Unidade Paraná Seguro (UPS) em Curitiba: para especialistas, adesão da comunidade é fundamental | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Policiamento em área de Unidade Paraná Seguro (UPS) em Curitiba: para especialistas, adesão da comunidade é fundamental (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

De todas as Unidades Paraná Seguro (UPS) instaladas em Curitiba, apenas a do bairro Cajuru ainda não completou um ano. Nesse período, além das mudanças das sedes de contêineres para pequenos imóveis mais estruturados para os policiais, várias ações sociais foram reforçadas. Um alento, mas ainda não o suficiente para diminuir a distância entre Estado e comunidade. A necessidade de ampliação dos serviços sociais é admitida pela própria prefeitura de Curitiba e requisitada pelos moradores.

Um balanço das ações feitas pela prefeitura nas áreas de UPS mostra que a maioria dos serviços já estava disponível nas regiões de abrangência das unidades, mas vários ainda não foram endereçados diretamente para a população que mora próximo aos postos. É o caso da Secretaria Municipal de Saúde, que fez um mutirão de cadastramento de famílias com exames preventivos e escovação de dentes em uma creche na região da UPS do Tatuquara. Apesar deste trabalho específico, a pasta segue sua rotina nas unidades de saúde com campanhas diárias sem vínculos com as UPSs.

"O papel principal da prefeitura é no dia a dia da comunidade", ressalta o coordenador municipal das UPSs, Júlio Haus. Na avaliação dele, a prefeitura já tem intensificado ações nas áreas mais vulneráveis de Curitiba e não apenas nas regiões em que está implantado o programa do governo estadual. "Tem sido positivo na prática o trabalho desenvolvido. Nós nos deparamos com gente carente de tudo", comenta.

Para estreitar os serviços entre estado e população, as ações deverão ser intensificadas a partir do ano que vem, segundo a prefeitura. De acordo com a assessoria do município, todo o trabalho atual está sendo realizado com o planejamento orçamentário da gestão anterior e, a partir de 2014, haverá um direcionamento específico para atuação nas áreas de UPS.

Desconhecimento

Apesar de governo estadual e prefeitura já citarem avanços nas regiões das unidades, parte da população ainda tem medo da polícia e não sabe quais programas são ofertados. A reportagem da Gazeta passou por cinco UPSs na semana retrasada e ouviu de moradores de todos esses locais as mesmas indagações: dizem não saber se há programas sociais na região e pedem para não ter o nome divulgado por meio de represálias da polícia. Os moradores também relatam que os policiais não podem sair das sedes caso sejam chamados pela população.

"Para mim, UPS e nada é a mesma coisa. O policial não pode sair da sede quando é chamado e não sei de nenhum programa social", afirma um comerciante, da região da Vila Ludovica, no bairro Tatuquara, pertinho da sede da UPS. Na Vila Verde, uma outra moradora reclama do mesmo problema. "Vi uma mulher batendo em uma criança e não havia ninguém para chamar", conta.

Sociólogo defende a participação popular

O sociólogo Cézar Bueno, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), acredita que falta interação dos governos estadual e municipal com a comunidade nas áreas das Unidades Paraná Seguro (UPS) . "A ideia é boa, mas o governo do estado e a prefeitura chegam com uma proposta sem debater com a população. As pessoas são convidadas a participar do programa quando deveriam ajudar a construir as soluções", afirma o especialista.

Para Bueno, mesmo com as audiências públicas e o planejamento anterior à entrada da polícia nas áreas, há um problema de identificação das necessidades da população. "É preciso inverter essa lógica. Tem que envolver o sujeito, não como consumidor, mas como pessoas capazes de contribuir", explica.

O promotor Paulo Marko­wicz de Lima, que participa das ações do Ministério Público do Estado (MP) nas UPS, reforça o coro pela necessidade de ações sociais mais frequentes. "Não se pode ficar apenas nas feiras de serviços", reforça, referindo-se aos eventos que atendem determinada localidade ao longo de um dia.

O MP tem levado às escolas nas regiões das UPS várias palestras sobre prevenção da violência e promoção da cidadania, como a campanha Conte Até 10. Segundo Lima, todas as áreas de UPS já receberam as orientações e devem continuar sendo alvo das ações do MP.

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