Brasília O coronel Rufino da Silva Ferreira, presidente da comissão que investiga a queda do Boeing da Gol ocorrida no último dia 29 de setembro em Mato Grosso, informou ontem que só deverão ser divulgadas conclusões sobre o caso em dez meses. Neste período, os profissionais inclusive norte-americanos que integram a comissão deverão terminar de coletar dados técnicos sobre a colisão do Boeing com o jato Legacy e analisá-los.
O acidente com o Boeing é o maior da história aeronáutica brasileira. Ele caiu depois de bater, no ar, em um Legacy pertencente à empresa norte-americana de táxi aéreo ExcelAire. Os 154 ocupantes do avião comercial morreram. Mesmo avariado, o Legacy conseguiu pousar, e seus sete ocupantes seis norte-americanos saíram ilesos.
Ao apresentar o relatório preliminar, Ferreira disse que a disposição dos destroços do Boeing "caracteriza o quanto a aeronave da Gol se desintegrou" no ar. Segundo ele, os pilotos não perceberam a aproximação da outra aeronave, e por isso não fizeram nenhuma tentativa de evitar a tragédia. "Ninguém viu ninguém. Não houve percepção visual e nenhuma tentativa de evasão ou manobra. Se tivesse ocorrido, estaria registrado. E não há registro."
O documento apresenta um conjunto de problemas que podem ter provocado o choque entre os dois aviões, entre eles 19 tentativas de comunicação frustradas entre o centro de controle de tráfego aéreo de Brasília e o Legacy.
No relatório, os investigadores descrevem a trajetória e os procedimentos adotados pelo Boeing da Gol e pelo Legacy do momento da decolagem até o choque, no norte de Mato Grosso. O documento informa que, das 16h26min até as 16h53min39s, o centro de controle de Brasília fez sete chamadas sem sucesso para o Legacy. Das 16h48min6s até as 16h52min59s, os pilotos do jatinho fizeram doze chamadas para o centro de tráfego aéreo de Brasília, também sem sucesso. O choque entre os dois aviões ocorreu às 16h56m54s.
Os investigadores de vôo também sabem que o plano de vôo proposto inicialmente para o Legacy não foi seguido. Os oficiais sustentam, no entanto, que o plano autorizado pelo centro de Brasília pode ter sido diferente do documento original, feito pelo centro de São José dos Campos. Essas mudanças podem ocorrer, dependendo da intensidade do tráfego. Para esclarecer melhor esse aspecto, a comissão de investigação deverá agora identificar o plano de vôo autorizado pelo centro de comando de Brasília e comparar as informações com a rota seguida pelo Legacy.
No início de sua apresentação, o coronel frisou que o objetivo da comissão não é apontar culpados, mas sim, evitar novos acidentes. "Não é nossa intenção o apontamento de culpa ou de responsabilidades, e sim, evitar novos acidentes", afirmou.
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