Embora o Brasil tenha cerca de 160 escolas de Medicina, a demanda não é suprida. "Pode ser que o número de vagas seja pequeno e não se atenda a demanda ou ainda que os candidatos não consigam ser aprovados no Brasil", avalia o primeiro secretário do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Miguel Ibrain Ranna Sobrinho.
No vestibular 2006/2007 da UFPR, por exemplo, o curso de Medicina é o mais concorrido, com 29,79 candidatos por vaga, ou seja, são 5.243 concorrentes para as 176 vagas. Na Bolívia, onde há cerca de 6 mil estudantes brasileiros, não existe vestibular. Quem opta pela rede privada no Brasil também encontra dificuldades. Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a mensalidade a ser cobrada a partir do ano que vem no curso de Medicina é de R$ 2.480,00.
O clínico-geral Cidcley da Silva Milléo, de Piraí do Sul, nos Campos Gerais, foi para a Bolívia depois de reprovar em três vestibulares para Medicina no Brasil. Hoje, ele trabalha no Hospital Santo Antônio de Piraí do Sul, após revalidar o diploma na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Já Bianca Di Pinatti, de Curitiba, cursou medicina no Equador. Ela não fez faculdade no Brasil por causa das altas mensalidades. "Eu também não teria condições de pagar três, quatro anos de cursinho para tentar uma universidade pública", acrescentou. Bianca ainda depende de resposta judicial para ter o diploma reconhecido.