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Mesmo não jogando bem, o atacante atleticano Rafael Moura marcou o único gol do time no Maracanã, cobrando pênalti de Toró em Márcio Azevedo | Vanderlei Almeida/ AFP
Mesmo não jogando bem, o atacante atleticano Rafael Moura marcou o único gol do time no Maracanã, cobrando pênalti de Toró em Márcio Azevedo| Foto: Vanderlei Almeida/ AFP

Curitiba atende 361 alunos

Os bons resultados do trabalho da Escola Municipal Professora Egipciana Swain Paraná Carrano, em Araucária, com crianças que apresentam condutas típicas fez com que secretarias de Educação de outras cidades procurassem a psiquiatra e especialista Regina Lise. Ela conta que as prefeituras de algumas cidades da região metropolitana de Curitiba estão procurando capacitar professores.

Em Curitiba, crianças das redes municipal e estadual de ensino que apresentam transtorno global do desenvolvimento também possuem atendimento específico. Na capital, são 361 alunos atendidos. A gerente de apoio à inclusão da Secretaria Municipal de Educação, Carmem Lúcia Pelanda, explica que a prefeitura mantém convênio com a instituição Renascer, especializada no tratamento. Além de receber no local 100 crianças, em contraturno, a entidade faz a mediação do tratamento para mais 150.

Carmem diz que esse trabalho existe na cidade desde 1997 e que os profissionais especializados fazem atendimentos nas escolas que necessitam. "A escola tem que aprender a conviver com essa criança. O acolhimento é fundamental. Elas têm condições de frequentar o ensino regular, desde que recebam acompanhamento em outro horário."

Entre as instituições que ofertam outros serviços, mas que também atendem crianças com condutas típicas está a Escola Especial Lucy Requião de Mello e Silva. Foi o primeiro colégio do estado a atender alunos especiais. São 300 alunos, entre crianças, jovens e adultos que formam turmas pequenas (seis a dez membros), para facilitar o atendimento. (AS)

Muitos pais ficam aflitos ao se deparar com filhos que apresentam problemas de comportamento, deficiência de aprendizagem e péssimo relacionamento com as outras crianças da mesma idade ou com os professores. Uma das primeiras reações é pensar em déficit de aprendizagem ou hiperatividade. Porém, os especialistas alertam que nesses casos o ideal é consultar profissionais de várias áreas, pois a criança pode apresentar o que eles chamam de condutas típicas, ou segundo a denominação do Ministério da Saúde, transtorno global do desenvolvimento.

Crianças de até 12 anos que são muito irritadas, violentas, dispersas, falam e caminham pela sala de aula ou ficam o tempo todo no seu canto, sem conversar com ninguém, podem apresentar o transtorno. Segundo a psiquiatra, psicanalista e especialista em condutas típicas Regina Lise, como a doença é um distúrbio que apresenta uma grande variedade de comportamentos, é comum que se cometa o erro de apenas medicar sem que se tratem outros aspectos.

Regina explica que, nesses casos, é preciso o acompanhamento de um psicólogo, pois o problema pode estar na educação e no convívio familiar. "É preciso que se pare e pense como família e escola estão agindo com ela. Geralmente, ela apresenta dificuldade de lidar com a realidade, por isso é preciso muita conversa ao invés de apenas medicação", afirma. Para um tratamento completo, os professores devem estar preparados e acompanhar as sessões de terapia junto com os pais.

Atendimento

Na Escola Municipal Professora Egipciana Swain Paraná Carrano, em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, os alunos são atendidos em salas especias no contraturno. Em um período eles estudam na escola regular e no outro, três vezes por semana, ficam em classes voltadas para o aluno com condutas típicas. Recebem atendimento de professor especializado, psiquiátrico e psicológico.

A professora e responsável pelo atendimento de condutas típicas na Secretaria Municipal de Educação de Araucária, Marília Cordeiro, diz que as crianças são diagnosticadas e encaminhadas para a escola. São 12 atendidas pela manhã e dez à tarde. Há uma fila de espera, suficiente para formar mais uma turma. O serviço é uma parceria entre as secretarias de Saúde e da Educação e funciona há nove anos.

O torneiro mecânico Edeassis Castorino Rosa percebeu que seu filho Eduardo, hoje com 9 anos, apresentava um comportamento diferente desde que nasceu. Agitado, o menino não conseguia se concentrar, não organizava as palavras na hora de falar e não tinha sentido de direção. "Ele era muito alterado. O tempo foi passando e a gente não sabia o que ele tinha. Nosso erro foi ter colocado na creche e demorado para procurar ajuda", lamenta o pai.

Há pouco menos de três anos Eduardo foi encaminhado para a Escola Egipciana, onde participa da atividades de contraturno e recebe acompanhamento médico e psicológico. Edeassis conta que seu filho progrediu: consegue se comunicar, acalmou-se e melhorou a concentração. Segundo ele, o problema de Eduardo se agravou quando seus pais terminaram o casamento. O período foi conturbado e a mãe apresentava problemas psicológicos.

A psicóloga Ione Maria Neumann, que faz parte da equipe de atendimento, diz que o trabalho tem dado bons resultados. Em média, o tratamento dura de dois a três anos. "Vários alunos tiveram alta e agora só frequentam o ensino regular. Claro que o tempo depende de cada criança, mas se o trabalho for bemfeito entre ela, sua família e a escola, a chance de dar certo é enorme", afirma.

As crianças que apresentam o transtorno global do desenvolvimento não possuem nenhum tipo de deficiência mental, por isso não precisam de escola especial. Podem estudar no ensino regular e apenas fazer o acompanhamento em outro turno. Regina diz que elas apresentam sofrimento psíquico e que muitas vezes não sabem agir de outra forma. "Os pais geralmente têm dificuldade em admitir que a criança sofre e isso é um complicador para procurar ajuda", comenta.

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