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Conectadas em casa, crianças brasileiras usam pouco a internet na escola

O contato das crianças com a internet é fundamentalmente por smartphones, mas apenas em casa, não na escola. | Voy/BigStock
O contato das crianças com a internet é fundamentalmente por smartphones, mas apenas em casa, não na escola. (Foto: Voy/BigStock)

No ano de 2014, 81% das crianças e adolescentes brasileiros acessaram a internet pelo menos uma vez ao dia. Já os pouco conectados (menos de uma vez por mês na internet) são apenas 2%. Os dados, da pesquisa Tic Kids Online, mostram que o futuro conectado chegou: as crianças acessam a internet todos os dias, todo o tempo. E muitas vezes através de celulares ou tablets. Comparadas com as crianças europeias, as brasileiras seguem a tendência de usar a rede para comunicação e entretenimento. Mas quando o assunto é escola, o país apresenta um descompasso.

É o que demonstra o estudo “Crianças, adolescentes e Internet: uma análise comparativa entre o Brasil e sete países europeus”, que comparou dados de 2013 da Tic Kids Online Brasil com o Net Children Go Mobile, com dados de sete países da Europa. Os dados refletem o perfil de crianças de 9 a 16 anos que usam a internet com frequência.

No quesito “acessar a internet no ambiente escolar”, o Brasil ficou em penúltimo, à frente apenas da Itália. Um dos fatores que explica o baixo resultado brasileiro são os problemas de infraestrutura, em especial a predominância de conexões lentas nas escolas públicas. Em 2013, mais da metade das escolas (57%) tinham velocidade de internet de até 2 Mbps, considerada baixa. Ao mesmo tempo, 40% das instituições de ensino restringem o acesso das crianças ao computador.

A proibição vai na contramão do que pensam os educadores. A pesquisa Conselho de Classe, da Fundação Lemann, analisou o perfil do educador brasileiro e mostrou que 85% dos professores acreditam que mais e melhores computadores, bem como internet de melhor qualidade, melhorariam a qualidade do ensino. Ao mesmo tempo, 92% são simpáticos a ter espaços de formação continuada para o uso da tecnologia em sala.

“Talvez o sistema educacional ainda não saiba aproveitar ou integrar [a tecnologia].Há dificuldade em aproveitar isso em práticas pedagógicas”, avalia Maria Eugenia Sozio, analista da Tic Kids Online Brasil e principal responsável pelo estudo comparativo. Para a pesquisadora, os dados indicam que proteger as crianças dos perigos da rede proibindo ou restringindo seu acesso é impraticável. “As crianças passaram a usar a internet muito mais no próprio quarto ou em movimento, não necessariamente sob os olhos dos pais. Se este padrão é cada vez mais privado, flexível, isso tem implicação para a mediação dos pais e professores”.

Na prática, educar para a autonomia é o melhor negócio. Segundo Maria Eugenia Sozio, as crianças mais expostas a riscos na internet são aquelas que sofrem menos danos. “Conversar sobre os problemas, sobre o que é visto na internet, faz com que elas se envolvam com autonomia, façam um uso crítico, seguro e criativo. Se a criança vivenciar alguma situação que a incomodou, saberá lidar com isso”, defende a pesquisadora.

Fortalecer a autonomia

Educar a criança para que ela tenha mais autonomia frente à internet é o melhor a fazer, fala a analista da Tic Kids Online Brasil, Maria Eugenia Sozio. “As crianças mais expostas a riscos são as que sofrem menos danos. É preciso conversar e estimular que ela faça um uso crítico, seguro e criativo da rede”, diz.

Redes sociais

As crianças brasileiras só perdem para as da Dinamarca em acesso às redes sociais. Mas, no Brasil, a maioria tem 101 ou mais contatos em seu perfil. Na Dinamarca, a regra é ter no máximo 10. Além disso, no Brasil são mais comuns os perfis públicos (aqueles em que qualquer pessoa pode ver o que a criança publica).

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