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Conflito entre PM e moradores marca reintegração de área em São Paulo

Policiais enfrentam barreira de fogo feita por moradores da área desocupada neste domingo (22) | Roosevelt Cassio/Reuters
Policiais enfrentam barreira de fogo feita por moradores da área desocupada neste domingo (22) (Foto: Roosevelt Cassio/Reuters)

Policiais militares e moradores de uma área ocupada conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, cidade a 97 quilômetros de São Paulo, se enfrentaram na manhã deste domingo (22) durante reintegração de posse do terreno de mais de um milhão de metros quadrados. Segundo a secretaria de saúde da cidade, pelo menos uma pessoa ficou ferida em estado grave durante a ação feita pela Tropa de Choque da PM e pela Rota.

Depois de mais de 30 minutos interditada, os manifestantes liberaram a pista no sentido Rio da Via Dutra. Segundo a PM, até as 14h30 havia 16 detidos. Todos os presos eram moradores ou ativistas ligados a movimentos contrários à desocupação e tentavam impedir o avanço das tropas com barricadas nas principais vias de acesso da área. Eles foram levados ao 3º Distrito Policial de São José dos Campos.

O homem ferido foi atingido por um tiro, passou por uma cirurgia e está internado em estado grave no Hospital Municipal da cidade, segundo a secretaria de Saúde da cidade. Ele não corre risco de morte. O Comando da Polícia Militar informou que o disparo não foi feito pelo policiamento, que estaria usando somente gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e balas de borracha.

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar de São Paulo, o rapaz foi ferido por um Guarda Civil Metropolitano (GCM) ao invadir o Centro Poliesportivo do Campo dos Alemães, local onde tendas foram montadas para que os moradores fossem encaminhados ao sair das casas. Segundo a PM, o rapaz ferido estava acompanhado de um grupo de moradores, que invadiu o Centro Poliesportivo e entrou em confronto com guardas municipais que fazem a segurança do ginásio.

Ainda de acordo com balanço da Secretaria de Saúde, duas pessoas foram atendidas em estado de choque na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Campo dos Alemães. Elas estavam em crise nervosa, mas não tinham nenhum ferimento e já foram liberadas. Outra pessoa também foi atendida na UPA atingida por uma pedra. No entanto, não há confirmação se ela foi ferida no confronto do Pinheirinho.

Operação

A operação de desocupação da área do Pinheirinho começou por volta das 6 horas deste domingo. Por volta de 10 horas, cerca de 30% da área já havia sido desocupada, mas alguns moradores ainda resistem. Por volta de 14h, algumas pessoas do Pinheirinho bloquearam a pista sentido São Paulo/Rio da Rodovia Presidente Dutra, na altura do quilômetro 154, para protestar.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, o deputado Ivan Valente (PSOL) e o senador Eduardo Suplicy (PT) foram ao Pinheirinho no sábado (21) para expressar solidariedade à comunidade e tentar evitar a desocupação. A informação inicial era de que os parlamentares haviam sido detidos durante a reintegração, mas o sindicato informou que não houve detenção. O senador teria voltado a São Paulo ainda no sábado. A Polícia Militar também não confirmou a detenção.

A PM cumpre ordem judicial que determina a reintegração da área invadida. Segundo o comando da Polícia Militar, dois mil policiais participam da operação de despejo. Desde a semana passada, os moradores haviam se preparado para a reintegração de posse, montando barricadas. Eles também exibiram capacetes, escudos e armas improvisadas, como pedaços de pau com pregos e prometiam resistir, já que as famílias não têm para onde ir, segundo líderes dos sem-teto.

"Não temos Plano B. Ninguém tem para onde ir. Então a estratégia é lutar pela moradia", disse Valdir Martins, um dos líderes dos sem-teto, na semana passada.

Os policiais cercaram a área ocupada e um carro blindado da polícia entrou na frente seguido pela Tropa de Choque e pela equipe da Rota, que foi deslocada de São Paulo. Dois helicópteros Águia também estão sendo usados na operação. Os moradores fizeram barricadas em pontos estratégicos da ocupação para impedir o avanço do policiamento. Eles atearam fogo nas barricadas para dificultar a movimentação dos PMs. Carros foram queimados, inclusive da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo. Soldados do Corpo de Bombeiros também foram chamados para participar da reintegração de posse.

Segundo a TV Vanguarda, os policiais cortaram as cercas da ocupação e entraram em grupos separados. A polícia utilizou bombas de efeito moral, e alguns moradores apresentaram resistência.

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