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reforma agrária

Conflito marca reintegração de área

Policiais chegaram de manhã  para desocupar a área em que 6 mil pessoas moram | Roosevelt Cassio/Reuters
Policiais chegaram de manhã para desocupar a área em que 6 mil pessoas moram (Foto: Roosevelt Cassio/Reuters)

A reintegração de posse de uma área conhecida como Pinhei­­rinho, em São José dos Campos deixou ontem um rastro de destruição nas ruas da cidade do interior paulista. Um homem levou um tiro nas costas e está hospitalizado. Outras dez pessoas ficaram feridas –entre elas um PM e um assessor enviado pela Presidência da República para acompanhar a ação – numa série de confrontos que se espalharam pelos bairros vizinhos, na periferia. À noite, policiais militares anunciaram que a ação tinha sido finalizada.

Atendendo a uma determinação da Justiça estadual, a Polícia Militar iniciou a operação por volta das 6 horas. A área, pertencente à massa falida de uma empresa do megainvestidor Naji Nahas, foi invadida em 2004. Atualmente, cerca de 6 mil pessoas moravam no terreno. Ontem, cerca de 3 mil estavam no local – metade já havia deixado suas casas com medo de um possível conflito.

Parte dos moradores chamou a atenção do país ao formar um exército improvisado para resistir à polícia. Com escudos de latão, porretes e capacetes de motociclistas, passaram as últimas semanas à espera. Ontem, poucos usaram a indumentária, pois disseram ter sido pegos de surpresa.

Um centro poliesportivo, onde foram montadas tendas pela prefeitura para atendimento de moradores que perderam as casas foi depredado. Foi em torno desse centro que ocorreram os principais confrontos. Em um um deles uma pessoa foi baleada.

Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para identificar o responsável pelo disparo. O comando da PM diz que o tiro não partiu de seus homens, já que a arma utilizada foi um revolver calibre 38, armamento aposentado pela corporação.

Seis veículos foram incendiados por moradores, dois deles pertencentes a empresas de comunicação que acompanhavam a ação. Dezesseis pessoas foram detidas sob a suspeita de vandalismo. Já o comando da PM disse que na área desocupada houve resistência mínima. Segundo a corporação, foram utilizados cerca de 2 mil policiais e bombeiros.

Repercussão

O governo federal se disse surpreendido com a reintegração. O Planalto acompanhava as conversas sobre a retirada das famílias e trabalhava para uma saída negociada, com a definição de uma nova região para abrigá-las. A avaliação no Planalto é que o uso da polícia poderia ter sido evitado caso o entendimento com as famílias não tivesse sido atropelado.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Caval­­cante, classificou como ilegal a reintegração de posse, apesar de ordem da Justiça Federal mandando suspender a ação. Ele também chamou a atenção para supostas violações de direitos humanos.

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