Um índio morreu e quatro ficaram feridos durante confronto com a Polícia Federal e a Polícia Militar em reintegração de posse na fazenda Buriti, em Sidrolândia, cidade a 72 km de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, na manhã desta quinta-feira (30). Segundo a Funai e a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, as vítimas são da etnia terena. Com os rostos com pinturas de guerra, os índios se recusam a deixar a área. Segundo informações não confirmadas, eles teriam ateado fogo à casa onde funciona a sede da fazenda.
Centenas de índios ocupam a fazenda Buriti desde 15 de maio. No dia 16 de maio, um mandado de reintegração de posse já ordenava a retirada dos índios da área. Na ocasião, policiais estiveram no local, mas não houve acordo. Na quarta-feira, a Justiça realizou uma audiência entre as partes, para tentar chegar a um acordo, o que acabou não acontecendo. Por isso, o juiz Renato Toniasso determinou a reintegração da posse imediata, sob pena de multa de R$ 10 mil diários para quem descumprisse ou impedisse o cumprimento da ordem. A Polícia Federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o fazendeiro dono da área foram avisados judicialmente no fim da tarde sobre a decisão.
A operação para reintegração começou no início da manhã desta quinta-feira e ainda está em andamento. Quatro ônibus da tropa de elite da Polícia Militar, dez carros da Polícia Federal, um veículo para combate a incêndios e um de resgate do Corpo de Bombeiros estão na fazenda. Os policiais e um oficial de Justiça tentaram convencer os índios a deixar a área, mas não conseguiram.
Durante a reintegração, um índio de 36 anos, identificado apenas como Oziel, morreu. Segundo médicos que atenderam a vítima, ele levou um tiro no abdômen. A Polícia Militar, no entanto, afirma que está usando apenas balas de borracha. Oziel e os quatro índios feridos no confronto foram atendidos num hospital de Sidrolândia. Porém, os feridos e o corpo de Oziel devem ser levados para Campo Grande nesta tarde.
Os índios resistem à ação da polícia com arcos, flechas e porretes de madeira. Eles reivindicam a área como parte de sua reserva. No ano passado, o ex-deputado estadual e federal Ricardo Bacha, que diz ser dono da fazenda, conseguiu no Supremo Tribunal Federal decisão judicial determinando a suspensão do processo de demarcação da propriedade como área indígena.