Todos os anos, no dia 2 de novembro, milhares de pessoas dedicam um tempo para realizar visitas a cemitérios e recordar daqueles que já se foram. Celebrado em diversos países do mundo, a ocasião é conhecida como Dia de Finados e é um momento de homenagem aos mortos que ocorre desde o século 11. Em sua origem, porém, a data tinha um significado muito mais forte para aqueles que a celebravam do que atualmente.
Criado pelo abade francês Odilon, por volta do ano de 1030, Finados nasceu no Cristianismo como um momento para voltar toda a atenção aos falecidos, conforme explica a presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, Clarissa Grassi. “Na época, os fiéis prestavam homenagens e rezavam para aqueles que haviam partido com o intuito de garantir a salvação eterna de suas almas, evitar que tivessem sofrimentos no percurso e não permanecessem por muito tempo no purgatório”, conta.
Em plena Idade Média, a população possuía uma preocupação muito grande com o pós-vida. Os mortos eram sepultados dentro das igrejas para estarem mais perto do “sagrado”. Mais tarde, no século 18, com o surgimento de preocupações sanitárias, o temor de epidemias e cuidados com urbanismo, os cemitérios foram criados. Desde então, foram se distanciando cada vez mais dos centros urbanos, na mesma medida em que a população se afastou da morte e dos ritos que a cercam.
“Antes se morria em casa, com a família e o padre presentes. Hoje, existem os hospitais e um afastamento desse processo, o que inclui um interesse menor pelo dia de Finados”, afirma Clarissa.
Celebrações diversas
A pesquisadora explica que hoje, no Brasil, é comum que ocorram homenagens de caráter mais solene, como a entrega de flores aos túmulos de familiares e a realização de algumas orações no local. Em outras culturas, porém, a data é considerada um momento de festa.
No México, por exemplo, as homenagens a quem partiu têm proporções muito maiores. É que o país, sob influência de crenças antecessoras à colonização dos espanhóis, considera o dia dos mortos como uma ocasião de retorno espiritual dos que partiram. Comemorando a presença dos entes queridos falecidos, as pessoas montam altares de homenagem a eles, onde colocam a refeição favorita dos mortos e objetos que remetam a eles.
Colaborou: Cecília Tümler