O procurador do Ministério Público do Paraná Dartagnan Cadilhe Abilhôa deverá ser afastado de suas funções. Ele foi julgado na quarta-feira pelo plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por corrupção passiva. Dartagnan, integrante do órgão especial do MP-PR, teria envolvimento direto na extorsão de US$ 1 milhão de dólares do traficante internacional Lúcio Rueda Bustos, conhecido como "Mexicano" um ex-integrante do Cartel de Juarez, organização criminosa do México. O crime aconteceu em maio de 2004 em Curitiba e envolveu diretamente os ex-policiais civis Ricardo Abilhôa, filho do procurador, e Carlos Eduardo Carneiro Garcia.
De acordo com o CNMP, Dartagnan havia sido absolvido pelo colégio de procuradores do MP-PR. O pedido de revisão da decisão foi submetido ao conselho pela corregedoria estadual do órgão. O afastamento foi determinado por unanimidade no plenário do CNMP. Ele deve ser colocado em disponibilidade, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. O procurador ainda responde a um processo criminal por corrupção passiva.
O MP-PR relatou, na época, que "Mexicano" foi descoberto pelo procurador e levado à Promotoria de Investigação Criminal (PIC), atual Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Por ordem de Dartagnan, ele teria sido liberado em seguida sob a justificativa de ausência de antecedentes criminais. O procurador teria aceitado a promessa de vantagem indevida para retardar a investigação.
Outro caso
O investigador Ricardo Abilhôa, filho do procurador, também foi investigado por outro crime. Acompanhado dos investigadores Adilson Geraldo Salvador e Ney Prosdóscimo, ele teria cometido um sequestro relâmpago no bairro Alto Boqueirão, em Curitiba, em março de 2004.
O Gaeco ofereceu denúncia à Justiça contra os três em fevereiro deste ano. O procurador, no entanto, teria interferido também neste caso. De acordo com documento encaminhado à Corregedoria do MP pela promotora Marla Blanchet, que denunciou os policiais, os investigadores teriam levado uma testemunha de defesa para ser ouvida. No entanto, quem tomou o depoimento da suposta testemunha foi a promotora Claudia Cristina Rodrigues, ligada a Dartagnan. "Há sérios indicativos de irregularidade", informa o documento.
O MP-PR informou que cumprirá a determinação do CNMP assim que for notificado oficialmente. A reportagem tentou contato com o procurador por telefone, mas ele não respondeu as ligações.
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