O Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren-PR) abriu um procedimento administrativo para apurar o caso do enfermeiro indiciado pela morte de Maria da Luz das Chagas dos Santos, 38 anos, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Fazendinha, em Curitiba, no final de junho de 2015. O conselho pediu cópia do inquérito da Polícia Civil, que já foi concluído.
A paciente faleceu após esperar por quatro horas pelo atendimento na UPA. De acordo com a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que conduziu as investigações, a paciente não teria recebido o atendimento necessário de acordo com o quadro clínico apresentado. O enfermeiro foi indiciado por homicídio culposo.
De acordo com a assessora executiva do Coren-PR, Maria Goretti David Lopes, um relator já foi designado para as apurações dentro do conselho. Há um prazo de dez dias para a admissibilidade ou não do caso. “Esse processo já está em andamento. Caso sejam comprovadas falhas, poderá ser aberto processo ético-disciplinar”, explica.
Maria Goretti diz que o conselho vem acompanhando “bem de perto” o fato, mas afirma que, a princípio, “parece que está sobrando (culpa) para apenas um profissional, uma profissão. Existe uma equipe dentro da unidade de saúde. Claro que se trata de um caso grave e quem tiver de responder, vai responder”, afirma.
Se o conselho considerar que houve culpa por parte do enfermeiro e o processo ético-disciplinar for aberto, o acusado poderá sofrer uma série de punições, dentre elas suspensão, multa ou até afastamento da profissão, segundo a assessora executiva.
O caso
Maria da Luz chegou por volta das 19h a UPA da Fazendinha com fortes dores no peito e na cabeça, segundo relatos dos familiares. O quadro de saúde dela teria sido avaliado como não urgente e a paciente foi orientada a esperar por atendimento médico. Como as dores não passavam, ela e o marido foram até a farmácia em frente a UPA para comprar remédios, mas a mulher passou mal e caiu no chão.
O marido voltou a UPA para pedir ajuda, mas os funcionários teriam dito que, como ela estava do lado de fora da unidade, ele teria que chamar profissionais do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou o Corpo de Bombeiros. Os dois serviços foram contatados mas disseram que não haveria necessidade de enviar profissionais, já que a paciente estava em frente a UPA. Funcionários da farmácia ajudaram o marido da paciente a levá-la para dentro da unidade, mas ela não resistiu e morreu por volta das 23h.