Brasília – Depois de nove meses de dribles e manobras, o deputado federal paranaense José Janene (PP) – acusado de receber R$ 4,1 milhões do valerioduto – faltou ao depoimento no Conselho de Ética da Câmara marcado para ontem, alegando problemas de saúde. Mas ele será julgado à revelia já na semana que vem. A leitura do relatório e do voto, que provavelmente pedirá a cassação do seu mandato, foi marcada para a próxima terça-feira pelo presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP). A votação no plenário deverá ser realizada na sexta, dia 9.

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Há meses o processo de Janene arrasta-se no Conselho, com ele sempre alegando como empecilho para o depoimento seu problema de saúde. Ontem, quando chegou à Câmara, foi ao Serviço Médico da Casa. Janene tentou pressionar o presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP) a determinar que a equipe médica da Câmara o examinasse e garantisse que ele, portador de miocardiopatia (doença do coração) grave, não iria morrer durante o depoimento, o que lhe foi negado.

Adiamento

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Na hora marcada para o depoimento, ao invés de Janene, os três médicos liderados pelo diretor do departamento Luiz Henrique Hargreves é que se sentaram para depor no Conselho.

O relator do processo, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), anunciou que encerrará a instrução sexta-feira, depois do depoimento das últimas testemunhas.

Segundo Izar, mesmo que haja pedido de vista na terça-feira, o que adia a decisão por duas sessões, a intenção é votar na sexta-feira.

Durante a manhã de ontem, cinco deputados amigos de Janene procuraram Ricardo Izar para dizer que ele queria falar ao Conselho, mas que estava com arritmia e sem condições de depor. "Queriam adiar o depoimento para a próxima semana, ou para os dias 13 ou 14 de junho. Avisei que não seria possível", disse Izar.

Mais cedo, sem o laudo médico, os advogados de Janene ainda tentaram outra estratégia: encaminharam ao Conselho uma petição comunicando que ele não iria depor porque a junta médica da Câmara havia atestado que Janene estava incapacitado para o depoimento: "Apesar de leigos, pudemos perceber , a olhos nus, a debilidade de seu estado de saúde, seja por sua palidez, seja pela dificuldade de deambular (de andar) ou de articular frases mais longas sem que lhe falte o ar", atestaram os advogados Eduardo Ferrão e Paulo Baeta. O relator não aceitou a petição, sem o respectivo laudo da equipe médica.

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O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) observou que todo o direito a ampla defesa fora garantido e todas as tentativas de ouvir Janene haviam sido exauridas, portanto era hora de encerrar o processo e votar o parecer de Jairo Carneiro na próxima semana.