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Grupos conservadores estão fazendo um trabalho de mobilização para a eleição de conselheiros tutelares, que acontecerá em todos os municípios do país no próximo dia 1º de outubro. Segundo eles, a união se deu como uma resposta a movimentos que, há anos, se organizam para eleger candidatos de esquerda para um órgão com um papel fundamental na criação e acompanhamento de políticas voltadas para crianças e adolescentes.
Na tentativa de evitar conselheiros ineficientes ou, pior, que levantem bandeiras como a legalização das drogas ou ideologia de gênero nas escolas, os integrantes do grupo estão trabalhando para eleger candidatos com valores conservadores. Eles incentivaram a candidatura de conservadores, fizeram “sabatinas” com os atuais conselheiros e agora encorajam amigos e familiares a irem às urnas para votar.
Conhecida como Naná, Silvana Botton é uma participante ativa do grupo “Tias e tios do Zap”, um grupo de homens e mulheres conservadores que conta com integrantes atuantes em dez estados brasileiros. O grupo de Curitiba, com quase 300 membros, contou com a orientação do movimento “Mobiliza” e se organizou intensamente para influenciar as eleições do conselho tutelar da cidade.
As “Tias e tios do Zap” fizeram uma seleção de “pré-candidatos” que participaram do processo para se tornar um candidato oficial. Entre os requisitos, os interessados precisam ter experiência de, no mínimo, três anos na área da infância e adolescência e residir pelo menos há dois anos na região que deseja atuar. Também precisaram acertar 60% das questões de uma prova de conhecimentos específicos e apresentar a documentação necessária. Em Curitiba, o grupo emplacou as candidaturas de 22 pessoas.
Corpo a corpo com os conselheiros atuais
Nas sabatinas realizadas com os atuais conselheiros, os grupos conservadores tentaram descobrir o posicionamento deles em diversos temas: escolas cívico-militares, legalização de drogas, ideologia de gênero em escolas, etc. Naná Botton e seus colegas solicitaram reuniões para saber como foi a atuação de cada um enquanto ocupava a cadeira.
Naná nunca votou em uma eleição de conselheiros tutelares, mas neste ano está convicta da necessidade de “um trabalho de base”. “O povo brasileiro estava dormindo, estávamos na ignorância. A gente achava que era uma espécie de emprego que você se candidatava e não é, é uma eleição. Ainda há muita gente que ainda não sabe”, reforçou. Ela completa dizendo que o voto não obrigatório dificulta que os brasileiros compreendam a importância de participar.
A perspectiva é que mobilizações como a que aconteceu em relação aos conselhos tutelares também ocorra para eleição de outros cargos públicos como conselhos de educação e de saúde.
Bispos de várias dioceses incentivam o envolvimento de católicos nas eleições
Listas com nomes de candidatos cristãos de diversos municípios também estão rodando em grupos católicos e protestantes no WhatsApp. Além de conscientizar em relação à escolha e incentivar os cristãos a se envolverem, as listas recomendam alguns nomes que trabalharão pelas crianças baseados nos ideais cristãos.
Bispos de várias dioceses escreveram cartas aos párocos da região, com o intuito de incentivá-los a participar das eleições e também os dar a conhecer os candidatos católicos. Foi o caso da Arquidiocese de Brasília. Na carta enviada às paróquias, o cardeal arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar incentiva “párocos e administradores paroquiais, principalmente, para que estejam próximos, conheçam e apoiem os candidatos católicos, apresentando-os à comunidade paroquial e animando a comunidade a participar desse momento eletivo que se aproxima”.
Conselheiros tutelares podem solicitar ao MP ações de suspensão do poder familiar
Entre as atribuições dos conselhos tutelares, está a de receber denúncias de situações de violência, como maus-tratos e abusos sexuais. O órgão também tem o poder de representar contra violação de direitos das crianças na esfera jurídica e solicitar ao Ministério Público ações de perda ou suspensão do poder familiar.
Para votar, basta estar com as obrigações eleitorais em dia e apresentar um documento com foto ou o e-título no local de votação. Vale uma pesquisa antecipada na internet para confirmar o endereço, que pode ou não coincidir com o local de votação das eleições de 2022.
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