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“É impossível que o movimento conservador retroaja”, diz deputado que irá palestrar no Brasil Profundo
Deputado federal Filipe Barros é palestrante e um dos organizadores do congresso Brasil Profundo, que debaterá o conservadorismo brasileiro| Foto: Reprodução / Facebook

Um dos palestrantes do congresso Brasil Profundo, que reuniu lideranças conservadoras do país neste sábado (12), em Londrina (PR), o deputado federal londrinense Filipe Barros (União-PR) é um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado e integra o Direita Paraná – um dos grupos responsáveis pela organização do evento.

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Além de atuar na organização do congresso, ele palestrou sobre o tema “O cenário político nacional e o futuro dos conservadores”. À Gazeta do Povo, o parlamentar falou sobre o panorama do conservadorismo no Brasil, as eleições deste ano, as pesquisas eleitorais e a interferência do poder Judiciário nas eleições.

Confira a entrevista:

De que forma tem sido sua atuação nesse cenário pré-eleitoral, de estruturação para que mais representantes do conservadorismo sejam eleitos?

Filipe Barros: São duas frentes. Uma delas é a frente política propriamente dita, da construção partidária, da construção política, da identificação de lideranças em todo o estado. E uma segunda frente que estamos trabalhando é a própria formação de bases, ou seja, o trabalho cultural, de levar ao conhecimento da população as principais pautas e bandeiras do movimento conservador, do movimento de direita brasileiro.

O tema do congresso será “A redescoberta de quem somos”. Por que esse tema? Na sua opinião, essa percepção se perdeu ao longo dos últimos anos?

Filipe Barros: Nós temos a convicção de que essa percepção daquilo que nós somos e de qual país nós queremos está cada vez mais clara para a população. O tema é Brasil Profundo porque percebemos que é no interior do Brasil que existe uma verdadeira força natural em prol daquilo que a gente acredita.

Temos visto isso no dia a dia. As pautas que defendemos – a vida, a defesa da família e a legítima defesa, por exemplo – estão naturalmente no coração e nas mentes da população, principalmente da população do interior do Brasil, que não é afetada e não leva totalmente em consideração aquilo que muitas vezes uma parcela da grande mídia tenta empurrar. Essa parte da população quer viver sua vida e construir suas famílias sem qualquer tipo de interferência.

É por isso que trouxemos esse tema. É o resgate desses valores através do interior do Brasil. Já tivemos um evento desse no Mato Grosso, e o Paraná é o segundo estado que vai receber. A ideia é fazer pelo menos um encontro desse em cada um dos estados brasileiros.

Nesses pouco mais de três anos em que o país passou a ter mais vozes conservadoras ativas em Brasília, onde os conservadores têm acertado e onde têm errado?

Filipe Barros: Acho que avançamos bastante em especial nesse diálogo constante com a população e com a sociedade. As pessoas hoje sabem exatamente aquilo que querem, aquilo que o parlamento tem feito, quais são os valores a serem defendidos. Isso, claro, graças às redes sociais, aos veículos independentes. Então a gente conseguiu avançar muito nesse ponto, que representa um trabalho de base.

Por outro lado, precisamos avançar num aspecto que é fundamental para a vida no parlamento, que é o partido. Nós ficamos três anos sem partido, agora o presidente tomou seu caminho e foi para o Partido Liberal (PL). Boa parte dos parlamentares de direita, conservadores, devem acompanhar o presidente também nesse partido, e isso é fundamental para a vida no parlamento. Para fazer com que nossas pautas avancem no Congresso é necessário que haja um partido que nos dê apoio. Esse é o primeiro ponto que precisamos fortalecer.

Alguma autocrítica a ser feita quanto à atuação dos conservadores na atual legislatura?

Filipe Barros: Acho que a pandemia nos trouxe desafios, como para toda a sociedade. E isso gerou uma consequência grave: o parlamento funcionava à distância, então as pautas que deveriam avançar não avançaram, porque os parlamentares não estavam na Câmara. Não teve as articulações que só acontecem quando os parlamentares estão presentes. Isso é algo que precisamos discutir para que não aconteça de novo.

Entrando no tema da sua palestra, queria que o senhor fizesse uma avaliação sobre o atual cenário político nacional, passando por temas importantes como, por exemplo, as eleições deste ano e possíveis interferências entre os poderes.

Filipe Barros: Temos dois pontos importantes. O primeiro, nesse período em que estamos, são as pesquisas eleitorais propriamente ditas. Apesar de alguns veículos de imprensa junto com alguns institutos de pesquisa mostrarem o contrário, a realidade é uma só: o presidente Bolsonaro por onde passa arrasta multidões. O ex-presidente Lula não pode sair de casa – recentemente ele foi à praia com sua namorada e teve que pedir para o governador do Ceará fechar a praia para ele poder ficar lá.

Então a falta de credibilidade desses institutos de pesquisa é algo que a população está ciente disso, não acredita mais nessas pesquisas. A realidade se impõe ante essas mentiras veiculadas por essas pesquisas.

O segundo ponto importante é a tentativa do poder Judiciário de interferir de todas as maneiras nas eleições. Uma dessas interferências foi a “descondenação” do Lula – não sei se esse termo existe, mas se não existe é um neologismo necessário –, fazendo com que ele dispute as eleições deste ano. Isso é uma grande vergonha para o Judiciário.

E não só esse ponto, mas também nas investidas do Judiciário com inquéritos inconstitucionais tentando censurar os principais influenciadores do movimento conservador e fazendo com que haja uma censura prévia das ideias que nós defendemos.

Então, existe hoje uma batalha eleitoral, mas que está sendo influenciada pelo Judiciário. Isso é um fato incontestável. A população, em sua maciça maioria, tem acompanhado diretamente isso e, portanto, tenho certeza absoluta de que o presidente vai conseguir eleger uma bancada de senadores expressiva e que haverá necessariamente impeachment de ministro do STF no próximo mandato.

Falando sobre o futuro dos conservadores no Brasil, como o senhor vê o conservadorismo em dois cenários opostos: reeleição do Bolsonaro e aumento de parlamentares de direita no Congresso; ou derrota do Bolsonaro e enfraquecimento no número de parlamentares de direita?

Filipe Barros: Eu acho que independentemente de qual dessas possibilidades vai se concretizar, o avanço do movimento conservador brasileiro é algo que não volta mais atrás. A partir do momento em que as pessoas começaram a tomar conhecimento dos fatos históricos do nosso país e começaram a ter domínio daquilo que está acontecendo, tornou-se praticamente impossível que o movimento de direita, o movimento conservador, retroaja.

As eleições são a ponta do iceberg, mas existe todo esse movimento cultural que a gente já tem observado na sociedade brasileira em especial nos últimos cinco anos, e isso não volta. Como o professor Olavo de Carvalho dizia, “nada está na política que não esteja antes na cultura”. Então é impossível que isso retroaja. O cenário eleitoral não influencia necessariamente no movimento conservador e nessa conscientização da população.

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