São Paulo O técnico em soldagem Nelson Damásio afirmou terça-feira que foi pressionado pelo Consórcio Via Amarela a mudar o laudo emitido sobre problemas na estrutura metálica das obras da futura estação Fradique Coutinho, da Linha 4 do metrô de São Paulo. A afirmação foi feita à Comissão de Representação da Assembléia de São Paulo, criada para investigar as causas do desabamento da futura estação Pinheiros do metrô, em 12 de janeiro. No acidente morreram sete pessoas e dezenas ficaram desalojadas.
O pedido, segundo ele, foi feito pelo gerente de produção do consórcio, José Ricardo, em 13 de fevereiro, quando a imprensa divulgou o problema detectado por Damásio. "Depois que a matéria foi ao ar pela TV Globo, me pediram para reescrever o laudo e colocar questões mais técnicas, sem ser muito direto."
Por meio de nota, o consórcio negou qualquer tipo de pressão sobre Damásio. "Não faz sentido nem se deve perder de vista que o técnico foi contratado pelo consórcio. E, portanto, não caberia sugerir alterações ao relatório de inspeção. Em relação à segurança da obra, o assunto foi esclarecido por profissionais e técnicos especializados em estrutura dando conta de que a obra não apresenta nenhum risco."
O ex-presidente do Metrô Luiz Carlos David também prestou depoimento. Ele admitiu que o consórcio utilizou manta de impermeabilização em desconformidade com o contrato firmado com o Metrô, além de as soldagens terem sido feitas de modo incorreto, mas frisou que isso não provocou o acidente.