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Aviação

Constrangimento no aeroporto

Ser obrigada a tirar o lenço que cobre a cabeça, sem cabelos por causa da quimioterapia que está fazendo para se tratar de um câncer. Esse constrangimento ocorreu com a vendedora de automóveis Vanderli Liberato de Macedo, 52 anos, no último dia 13, no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Ela viajava para Campinas (SP) a trabalho e, depois de passar pelo detector de metais – que não apitou –, o funcionário pediu que ela tirasse o lenço.

Vanderli respondeu que não tiraria e o funcionário disse que ela não iria embarcar. A contragosto, a vendedora acabou tirando o lenço. Na volta, no aeroporto de Campinas, a cena se repetiu. "As pessoas em volta ficaram perplexas", conta. Questionado, o agente atribuiu a situação a uma norma da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A norma 107-1004 A realmente existe, conforme a assessoria de imprensa da agência. Entre outros procedimentos, ela determina que quem estiver portando qualquer acessório na cabeça deve retirá-lo para passar pela inspeção. A assessoria não divulga mais informações sobre a regra, por motivos de segurança.

Ainda conforme a Anac, o erro no caso de Vanderli foi a forma de abordagem. Em caso de constrangimento, o passageiro deve ser encaminhado para um local reservado, onde a inspeção será realizada. "Faltou bom senso. A aplicação das normas tem que contar com razoabilidade, sem ferir a dignidade humana", afirma o agente e assessor de comunicação da Polícia Federal, Marcos Koren. "Fiquei tão indignada! Achei uma crueldade, uma forma de abuso de poder", desabafa Vanderli.

Koren lembra que, após o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, em setembro de 2001, as regras de segurança aeroportuária foram reforçadas no mundo todo. "É uma norma incoerente. O que posso esconder no lenço? Não se pode esconder muito mais em jaquetas, calças e botas?", questiona Vanderli. Koren concorda com a indignação da vendedora e credita o mal-estar à formação deficiente dos funcionários que ficam no raio-X. "Eles recebem ordens, que têm de ser cumpridas sob pena de demissão."

Treinamento

Os chamados agentes de proteção da aviação civil são, entre outras atribuições, responsáveis pelas revistas feitas na área de embarque nos aeroportos. Eles são funcionários terceirizados, de empresas contratadas pela administração dos aeroportos. Passam por um curso de duas semanas ministrado por empresas homologadas pela Anac – que também os avalia – e precisam ter o 2º grau. Seu trabalho é supervisionado pela Polícia Federal.

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Interatividade

Existe razão para exigir que uma passageira tire um lenço no aeroporto?

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