A Cowan, construtora do viaduto que desabou no dia 3 de julho em Belo Horizonte, responsabilizou a prefeitura pelo erro estrutural que levou à queda. Duas pessoas morreram e 23 ficaram feridas no desabamento.
Em entrevista ontem, peritos contratados pela empreiteira disseram que as falhas estavam no projeto, elaborado pela empresa Consol e liberado e supervisionado pela prefeitura de Belo Horizonte. E recomendaram a demolição da alça do viaduto que restou no local.
Segundo Catão Francisco Ribeiro, um dos peritos contratados pela Cowan, análises apontam que o viaduto desabou em razão de sobrecarga em um dos blocos que suportavam um pilar. "Foi um milagre que não tenha desabado antes." Segundo ele, nesse bloco foi usado um décimo da quantidade de aço necessária.
De acordo com o diretor da unidade construtora da Cowan, José Paulo Toller Motta, a alça norte do viaduto, que está escorada desde a tragédia, corre risco de desabar porque tem a mesma falha. "Enviamos para o prefeito Marcio Lacerda [PSB-MG] a recomendação de não liberar o trânsito de veículos e de pedestres sob o viaduto", afirmou Motta.
Ribeiro recomendou a demolição da alça. "É um erro grave, intrínseco. Foi calculada como bloco uma estrutura que deveria ter sido calculada como viga", afirmou.
Segundo ele, é possível corrigir isso, mas o risco não compensa. Questionado se não seria possível perceber o erro no projeto, Catão Ribeiro afirmou que os engenheiros que executam a obra têm "especialidades diferentes". "Cada um tem o conhecimento da sua área", afirmou.
Outro lado
Assessores da prefeitura de Belo Horizonte disseram que a administração municipal não vai se manifestar antes de avaliar o conteúdo apresentado pelo diretor da Cowan e pelos peritos contratados pela construtora.
A Consol refutou as afirmações dos peritos da Cowan, dizendo notar "divergências entre o projeto e a construção da obra". Em nota, o engenheiro Maurício de Lana, diretor-presidente da empresa, afirmou que vai aguardar a perícia oficial para identificar as causas do acidente.
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