Em um dos países que mais consome carne no mundo – foram 19,8 milhões de toneladas ingeridas em 2014, segundo a ONU – o vegetarianismo cresce no Brasil. Segundo pesquisa do Ibope, 8% dos brasileiros, o equivalente a mais de 15 milhões de pessoas, declara-se vegetariano. Dentro desse grupo estão os veganos, adeptos da vertente que elimina carnes e derivados de animais não apenas da alimentação, mas de todos os produtos consumidos no dia a dia – incluindo roupas, calçados e cosméticos.
Embora esse mercado consumidor seja relativamente novo por aqui, está em expansão. A exemplo do que acontece em países como os Estados Unidos, onde já existem produtos veganos em todos os setores – desde joias até comida para animais de estimação –, muitas empresas e marcas brasileiras estão aderindo à filosofia para atender às demandas de um consumidor exigente, bem informado e fiel.
Para conquistar o consumidor vegano
Para não afastar o cliente vegetariano ou vegano, o ideal é investir em mais opções de produtos que atendam à necessidade dos consumidores e desenvolvê-los com o mesmo rigor e qualidade.
Leia a matéria completa“É um consumidor exigente, que presta muita atenção no que consome – o vegano é craque em desvendar rótulos –, que busca informação sobre os produtos na internet, em fóruns. E é um público fiel porque a decisão por esse tipo de consumo envolve engajamento a uma causa. Além disso, como é difícil encontrar muitas opções, as marcas conseguem fidelizar os clientes, o atendimento fica mais personalizado”, avalia Caroline Ferreira, sócia-proprietária do Veg Veg Empório Vegetariano, uma das únicas lojas especializadas em produtos veganos de Curitiba.
A loja, que em três anos de existência já precisou ampliar suas instalações, trabalha com mais de 600 produtos diferentes e atende entre 40 e 60 clientes por dia – e pensar que, na fase de planejamento do negócio, as sócias foram desestimuladas porque “não teriam público” para manter o negócio.
Rótulos escondem armadilhas
No Brasil, as empresas não são obrigadas a informar nos rótulos se aquele alimento contém ou não ingredientes de origem animal – cabe ao consumidor buscar informação e ler os rótulos.
Leia a matéria completaDe olho na procura crescente por produtos sem nenhum componente animal, marcas que não nasceram com o DNA vegano começaram a investir em linhas especiais. É o caso da Tutu Ateliê de Sapatilhas, marca curitibana especializada em sapatos femininos, que decidiu lançar um modelo em verniz sintético para atender a essa demanda. Em duas semanas, mais de 50 pares foram vendidos. Até o fim do ano, a linha veg deverá contar com oito modelos diferentes.
“A gente queria uma linha sem nada de origem animal porque a filosofia da marca é aderir a uma produção cada vez mais consciente. Demoramos um pouco para encontrar matéria-prima de qualidade, porque o couro é um material bom para sapatos e o material sintético tinha que ser tão bom quanto. A sapatilha veg foi muito bem recebida, tanto pelo design quanto pela filosofia do produto”, explica Gustavo Krelling, sócio-proprietário da Tutu e também vegetariano há 12 anos.
Encontrar matéria prima é desafio
Os desafios do mercado vegano não são exclusividade dos consumidores. Empresas e marcas que decidem aderir à filosofia também encontram problemas: além da burocracia para o lançamento de novos produtos, encontrar fornecedores adequados e conseguir rastrear a cadeia produtiva não é tarefa fácil. Empresários do ramo relatam que os maiores entraves são o desconhecimento de fornecedores sobre o que é o veganismo e resistência ao rigor com que os produtos e matérias-primas são selecionados. Para driblar esses obstáculos, muitos priorizam produtores artesanais e de orgânicos.
Salada não é “opção vegana”
Quem opta por não consumir produtos de origem animal pode encontrar dificuldades pelo caminho: a escassez de opções é a principal delas, mas são comuns também os relatos de consumidores que se sentiram enganados por produtos vendidos como veganos, mas que continham ingredientes de origem animal em sua composição.
Danielle Luiz, 31, decidiu aderir ao veganismo aos 16 anos, quando ainda morava no interior e a filosofia vegan não era popular. “Se nas capitais já sentimos falta de produtos básicos, como itens de higiene pessoal e limpeza, imagina em uma cidade menor. As empresas têm que entender que o consumidor vegano quer a mesma qualidade e variedade de produtos que o consumidor convencional”, explica.
“O mercado de consumo vegetariano e vegano está em ascensão. O mais importante, para as empresas e estabelecimentos, é ter em mente que não é difícil adaptar produtos para esse consumidor”, avalia Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). (CP)
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