A maré vermelha, que se caracteriza pela proliferação intensa de uma determinada espécie de microalga tóxica para os seres humanos, continua afetando a vida de comerciantes e da população ribeirinha no Litoral do Paraná. Mas, com o enfraquecimento do fenômeno, a expectativa é de que os moluscos bivalves - como ostras e mariscos - possam voltar a ser comercializados em até uma semana.
O fenômeno acertou em cheio Santa Catarina em maio e chegou a Guaratuba e demais cidades litorâneas em meados de junho. No final do mês passado, as equipes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) proibiram o cultivo, extração, pesca, venda e consumo de ostras, vieiras, mariscos e berbigões produzidos na região. A proibição continua valendo até que novos exames toxicológicos demonstrem não haver mais perigo para consumo.
Segundo o empresário Hamilton Kirchner, dono de restaurante há 19 aos no Litoral, uma nova amostragem deve ser encaminhada para Itajaí, em Santa Catarina, nesta quarta-feira (13). Os resultados devem ser liberados entre o final desta semana e o começo da próxima.
De acordo com o proprietário, os últimos exames mostraram diminuição nos índices da microalga, o que pode reverter a proibição em breve e aliviar o comércio local, atingido de maneira inédita por esse fenômeno. A informação foi confirmada pela Sesa.
Chegou de surpresa
Embora o governo estadual tenha estabelecido a suspensão preventiva da venda e do consumo de ostras, mariscos, berbigões e vieiras procedentes das águas do Paraná no dia 29, produtores dos moluscos garantem que as microalgas deram as caras bem antes, com os primeiros indícios sendo registrados a partir do dia 12 de junho. Os próprios comerciantes avisaram os órgãos responsáveis e realizaram os primeiros exames, que constataram as alterações.
“Ficamos assustados. Quando achamos que as coisas aqui poderiam melhorar, porque vínhamos de praticamente cinco finais de semana com chuva, aí aconteceu isso. Aquela perspectiva de que a gente iria ter um ano bom e conseguir até guardar um dinheiro se foi”, completou”, disse Hamilton Kirchner à Gazeta do Povo no início de julho. Nesta terça-feira ele repetiu o discurso. “O movimento reduziu bastante. A ostra é nosso principal produto. Não está fácil conseguir sobreviver em meio a essa incerteza. Nós entendemos e defendemos a proibição, mas precisamos de ajuda”. Segundo o empresário, falta ao governo do estado monitoramento mais acurado na região.
Especialista em algas, o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luciano Fernandes reafirma a importância da criação de um sistema de monitoramento no litoral do estado. “O governo do Paraná precisa montar um sistema de monitoramento de alga no litoral. Não é possível mais contar com esse improviso”, critica.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o monitoramento é realizado pela própria Sesa em parceria com a Vigilância Sanitária, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o Adapar e uma equipe da UFPR.
Apelo
Segundo Hamilton Kirchner, logo após a liberação também é preciso uma iniciativa de divulgação maciça. “Esse é um grande problema enfrentado em Santa Catarina, e que não podemos deixar chegar no Paraná. A partir do momento em que houver a liberação, há que se fazer um mutirão de informação para que as pessoas voltem ao litoral. Sem esse alerta, toda a cadeia produtiva é prejudicada”.
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