A contaminação por metais de peixes do Rio Doce está em até 140 vezes acima do nível permitido pela legislação, aponta o primeiro laudo realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em pescados e mariscos da região. O nível de contaminação 140 vezes maior foi achado ao se medir o arsênio no peixe roncador — também contaminado por cádmio –, 12 vezes acima do tolerado, e por chumbo cinco vezes acima do permitido.
Segundo o jornal “A Gazeta”, o laudo foi apresentado à direção de órgãos públicos como Tamar, Ibama e o próprio ICMBio, e a pesquisadores em seminário este mês. O documento é parte de um conjunto de estudos que estão sendo feitos no Rio Doce depois da tragédia ambiental com o rompimento da barragem de rejeitos de minério da Samarco, em Mariana (MG). Havia expectativa de que o Ministério do Meio Ambiente divulgasse o relatório esta semana; em nota, o ICMBio disse que o relatório final consolidado será divulgado no próximo dia 17.
O relatório conclui que existe “contaminação da água com metais acima dos limites permitidos pela Resolução 357 do Conama”, além de “contaminação de pescados (peixes e camarões) acima dos limites permitidos pela Resolução 42 da Anvisa”.
De acordo com o documento, a contaminação atingiu as unidades de conservação e de preservação ambiental no entorno da região — o Arquipélago de Abrolhos, a Costa das Algas e o Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz —, nas quais houve pontos de coleta de amostras para o estudo, assim como na foz do Rio Doce e na área de Barra Nova.
No caso do camarão, por exemplo, o estudo detectou que a contaminação supera em 88 vezes o limite tolerado de arsênio, em cinco vezes o de cádmio, e em cinco vezes o de chumbo.
Já o peixe peroá, mostra o relatório, está contaminado por arsênio 34 vezes acima do permitido, e por cádmio quase três vezes acima. E o linguado supera o nível tolerado de arsênio em 43 vezes; o de cádmio em nove vezes acima; e o chumbo em seis vezes.
Na água, a contaminação por chumbo total é de quase dez vezes acima do limite do Conama. O nível de cobre dissolvido na água está nove vezes acima do limite tolerado, enquanto o de cádmio total está duas vezes acima do limite. O estudo revela, ainda, contaminação na base da cadeia alimentar, com “acumulação significativa de metais tóxicos na base da cadeia trófica (nos chamados zooplânctons)”; e contaminação nos corais.
Pesca proibida
Segundo João Carlos Thomé, da coordenação do Tamar, o documento ao qual “A Gazeta” teve acesso foi desenvolvido pelo professor Adalto Bianchini, da Universidade Federal do Rio Grande. Ainda de acordo com Thomé, a pesca está proibida na foz do Rio Doce, entre Barra do Riacho até Linhares, por decisão judicial do fim do mês passado, justamente com base nos dados apontados pelo documento.
“É uma contaminação muito grave, por metais que vão se acumulando no organismo das espécies e que não são eliminados. É um risco para a comunidade”, afirmou o consultor ambiental Marco Bravo, alertando também para os prejuízos para a economia da região.
Em nota, a Samarco afirmou que ainda não teve acesso ao laudo do ICMBio, mas destacou que realiza monitoramento diário da água ao longo do Rio Doce.
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