Depois de 17 anos de polêmica, paralisação e empurra-empurra político, o governo do estado entrega hoje mais um dos lotes que compõem o Contorno Norte de Curitiba. Formado por quatro trechos, a rodovia agora conta com três lotes finalizados. No entanto, o lote que ligaria definitivamente as BRs 277 e 116 e finalizaria o projeto ainda não saiu do papel.

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O lote 2, que será inaugurado hoje pelo governador Roberto Requião e pelo prefeito Beto Richa, liga a Avenida Manoel Ribas (PR-090) à Rodovia dos Minérios (PR-092). "Também reformamos todo o trecho dos lotes 1 e 3", lembra o secretário estadual dos Transportes, Waldyr Pugliesi. O investimento de R$ 10 milhões pretende desafogar o tráfego de caminhões pesados, que para chegar aos seus destinos precisavam passar por Curitiba, causando transtornos ao trânsito, aos moradores e freqüentes acidentes. "Estimamos retirar da área urbana aproximadamente 15 mil veículos, na maior parte carretas que circulavam diariamente por Curitiba", diz Pugliesi.

A polêmica em torno da construção do contorno começou nos anos 90, quando as obras pararam pela primeira vez. Depois, várias paralisações revoltaram moradores, que sofriam com o tráfego intenso e pesado. Manifestações, questões políticas na troca de gestão e falta de investimentos foram responsáveis pela não continuidade das obras.

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Segundo Pugliesi, as principais dificuldades encontradas pelo atual governo vão desde as características impróprias do solo, passando pelo período de chuvas e chegando aos acordos de desapropriação das residências. De acordo com o secretário, a finalização das obras só foi possível porque o governo do estado assumiu sozinho a construção, que deveria ser por convênio com o município. "A prefeitura entrou com uma quantia mínima de R$ 900 mil. Não podíamos deixar que questões políticas, mais uma vez, prejudicassem a população."

Pugliesi conta que, apesar do convênio ser da gestão passada, o estado vai requerer a parte da prefeitura não investida com juros, algo em torno de R$ 7 milhões. O procurador-geral do município, Ivan Bonilha, confirma o pedido e também a notificação feita pela Secretaria Estadual da Fazenda, estabelecendo, em abril de 2004, que o valor devido deveria ser descontado dos repasses do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – todos os meses o governo repassa ao município 25% do ICMS arrecadado, o que representa R$ 16 milhões. "A inadimplência está agora sendo discutida no poder Judiciário", diz Bonilha. Ele confirma um pedido de perícia para saber quanto realmente foi gasto no contorno.

Lote 4

Outra discussão política impossibilita a finalização do projeto, previsto para interligar as BRs 277 e 116. O lote 4, que liga a Rodovia da Uva (PR-417) à BR-116, espera recursos do governo federal, responsável pelo trecho. "Não houve a transferência de domínio para o estado e apesar do Tribunal de Contas da União já ter determinado os repasses, o Ministério dos Transportes recorreu", diz Pugliesi. Apesar do impasse, o secretário afirma que o estado está disposto a firmar convênios para conclusão da obra.