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São Paulo – Mesmo com a criação de duas turmas extras para a formação de novos controladores de vôos, a Aeronáutica não conseguirá formar este ano profissionais suficientes para suprir as necessidades desse serviço no país. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), serão formados este ano 363 novos controladores, que irão se juntar aos 2.622 (2.132 militares e 490 civis) que já estão na ativa. Segundo especialistas em segurança de vôos, para que os controladores brasileiros passem a ter uma carga de trabalho compatível com os padrões internacionais (que estabelecem ainda um número específico de profissionais que ficam de reserva nas torres de controle e outros de sobreaviso), seria preciso a integração imediata ao serviço de pelo menos 600 novos técnicos.

"O incremento da frota que trafega no espaço aéreo brasileiro cresceu cerca de 32% nos últimos três anos e os controladores civis conseguem trabalhar dentro das normas legais, mas os militares, que são a maioria, não", diz o diretor de segurança de vôo do Sindicato dos Aeronautas, comandante Carlos Camacho.

O descompasso entre a expansão do fluxo de aeronaves e o ritmo de formação de controladores, afirma, deveu-se ao número de concessões dadas às companhias. "Houve um volume equivocado de concessões que aumentou em quase uma centena o número de aeronaves que operam no país".

Uma alternativa, até que o sistema de controle seja equacionado, diz Camacho, seria a redistribuição do tráfego aéreo no país. O que implicaria na mudança de horários e destinos de parte da malha aeroviária, de modo a reduzir concentração excessiva de vôos em determinados aeroportos e horários de pico.

Desmilitarização

Na Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR), em Guaratinguetá,160 novas vagas para sargentos foram criadas. O Instituto de Capacitação Especial da Aeronáutica (CEA), em São José dos Campos, abriu concurso para a formação de 64 civis. Ambas as turmas, porém, farão cursos intensivos de capacitação, com duração de oito meses. Os outros 139 sargentos que se formam na EEAR em dezembro, estão no curso regular, de dois anos.

De acordo com o coronel da reserva da Aeronáutica, Franco Ferreira, para substituir os 2,2 mil controladores militares por novos profissionais, todos civis, seriam necessários cerca de 10 anos para formá-los. Por isso, a desmilitarização imediata do serviço de controle aéreo, como foi cogitada no calor da crise do final de março, não seria factível. "Não é um caminho prático, porque é a Aeronáutica que tem os meios materiais e humanos para cuidar desse serviço", diz Ferreira

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