Rio Os controladores de vôo civis de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília decidiram ontem, em assembléia realizada no Rio de Janeiro, decretar estado de greve por pelo menos 15 dias. Na prática isso significa que eles podem paralisar suas atividades a qualquer momento nesse período. Na última sexta-feira, os controladores do Cindacta-1, de Brasília, entraram em greve, provocando a paralisação de todos os aeroportos do país por cerca de cinco horas.
"Estamos confiantes de que o governo vai cumprir o acordo assinado pelo ministro Paulo Bernardo (Planejamento). Estado de greve não quer dizer greve. Não haverá paralisação por parte dos controladores civis. Mas podemos convocar outra assembléia antes dos 15 dias se acontecer algo. Estaremos mobilizados e atentos a tudo", declarou o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, sobre um acordo firmado entre o governo e os controladores grevistas na sexta, que, entre outros temas, compreende a desmilitarização da categoria. Segundo ele, a atitude dos controladores militares com a greve "foi um desabafo". "A coisa estourou, e o governo sabia. Esse caos está instalado porque o governo não se manifestou para solucionar o problema".
Mais cedo, o sindicato divulgou uma nota em que pede "perdão" pelos problemas, mas afirma que "não foi possível visualizar algum outro modo de sensibilizar o governo para a necessária desmilitarização do setor" e "vencer a resistência da Aeronáutica pela manutenção dos seus privilégios".
O procurador da Justiça Militar, Giovanni Rattacaso, protocolou ontem, junto ao Comando da Aeronáutica, pedido de abertura de inquérito para identificar os responsáveis pelo caos que tomou conta de todos os aeroportos do país na semana passada. Os controladores de vôo envolvidos na paralisação do tráfego aéreo na última sexta-feira poderão pegar de quatro a oito anos de reclusão ou serem expulsos da Aeronáutica.