Sete meses depois da operação que indiciou médicos por irregularidades em folhas-ponto, o sistema biométrico de controle de frequência do Hospital de Clínicas (HC) ainda não contempla 100% dos funcionários da instituição. Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (11), o gerente administrativo do hospital, Marcel Weldt, disse que, até agora, cerca de 85% dos trabalhadores tiveram as digitais coletadas.
Segundo Weldt, o mecanismo biométrico ainda não tem uso total no HC “por ocasião de férias e algumas outras intempéries”. “Isso não inviabiliza a marcação do ponto, porque quem tem o crachá pode usar o crachá”, justificou o gerente administrativo.
A implantação do controle biométrico foi adotada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em julho de 2015, cerca de um mês depois da denúncia envolvendo ao menos dez médicos da instituição. Os profissionais foram indiciados por receberem salário sem cumprir a carga horária para a qual eram remunerados.
Na ocasião, a Polícia Federal (PF) e a Controladoria Geral da União (CGU) apontaram que, nos horários em que deveriam cumprir expediente no HC, os médicos indiciados atendiam em clínicas particulares. O índice médio de frequência do grupo não passava de 7%. Alguns nem sequer compareciam ao hospital.
Técnicos-administrativos terão novo controle de frequência
Reflexo da operação São Lucas, a UFPR informou nesta segunda-feira que implantou um novo sistema de controle de frequência dos servidores técnicos-administrativos da universidade. O esquema levará em conta o login e o logout destes funcionários dos computadores. Todas as informações terão de ser homologadas pelas chefias, e serão fiscalizadas. O sistema passará a valer a partir do dia 1.º de março.
“Se há um contrato assinado entre o servidor e a universidade, esse contrato tem que ser cumprido”, disse o reitor Zaki Akel Sobrinho.
De acordo com o reitor, além de técnicos-administrativos, também terão de seguir o novo sistema de controle de frequência professores deslocados para cargos administrativos. A exceção é para o próprio reitor, o vice-reitor, os pró-reitores e os diretores de setor, conforme prevê a legislação federal.
Durante a entrevista, Akel disse que, embora a legislação dispense o controle de frequência dos professores, a classe docente da universidade também deve, em breve, passar a usar o mecanismo de administração de jornada que está em implantação.
“É óbvio que nós não podemos cobrar com rigor apenas uma das categorias da universidade. Queremos que todos tenham compromisso de ética e de respeito com a coisa pública”, ressaltou o reitor.