Para tentar conter o trânsito cada vez mais caótico em algumas ruas e avenidas da capital paranaense, aos poucos, a Diretoria de Trânsito (Diretran) de Curitiba vem proibindo a conversão à esquerda em pistas de mão dupla da cidade. A medida, que divide opiniões, não será aplicada em todas as vias e nem será implantada simultaneamente.
De acordo com a diretora de trânsito da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), Rosangela Battistella, atualmente existem 50 pontos de conversão proibida na capital. "O nosso objetivo é dar maior fluidez ao trânsito nas pistas de mão dupla e diminuir o risco de acidentes. As conversões são perigosas, existe o risco de uma colisão lateral e traseira", afirma.
Não existe uma política constituída de proibir as conversões, contudo, a intenção é expandir, aos poucos, a medida em avenidas e ruas de maior movimento. "Seria muito mais fácil estabelecer uma portaria proibindo as conversões, mas precisamos respeitar critérios. Não podemos sair multando. Precisamos colocar agentes de trânsito para orientar. E não temos tantos agentes assim", explica. Outro problema é a sinalização. "Além de implantar a sinalização proibindo a conversão, temos que colocar a sinalização indicando o caminho correto para ele fazer a conversão. Não é uma operação barata, mas aos poucos vamos implantando", diz.
Bom mas nem tanto
Na opinião do arquiteto e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Paulo Moraes, a proibição tem aspectos positivos e negativos. "O aspecto positivo é a melhoria da capacidade da via. O negativo é o impacto ambiental. A proibição gera aumento de tráfego nas vias transversais, aumenta o percurso do veículo e a emissão de gases poluentes", afirma.
Segundo Moraes, a diminuição de acidentes também é um argumento discutível. "Você acaba aumentando o movimento de veículos em vias onde a estrutura e a comunidade não estão preparadas, o que pode ocasionar acidentes. Você diminui o risco na principal, mas aumenta nas transversais", diz. O professor defende que até poderia haver proibição, mas apenas em horários de grande movimentação. "Fora dos horários de pico, a medida não é justificável. Acredito que ela serve, mas em determinados horários e em determinadas vias", acredita.
Para o professor da Universidade Positivo e especialista em trânsito Orlando Pinto Ribeiro, Curitiba tem um sistema viário que conduz as pessoas para as mesmas vias principais. "É um tiro no pé, vai afogar as vias de conversão, vai gerar um tráfego muito maior. É uma medida paliativa que vai estressar ainda mais os motoristas e gerar outros problemas. Curitiba tem poucas vias de escoamento e você não pode prejudicar os acessos a essas vias", explica.
O coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR, Carlos Hardt, acha a proibição interessante. "É uma medida boa para ruas e avenidas de grande movimento. Além de dar mais segurança, evitando acidentes, ela dá condições de fluxo para via", diz.