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Trinta anos depois, dois dias de geada no inverno de 1975 ainda trazem lembranças dolorosas a agricultores da região de Londrina, no Norte do estado. O inverno daquele ano, além de arrasar os cafezais da região, ameaçou destruir uma economia, até então, robusta. Não conseguiu. Três décadas de substituição de culturas, mais um tanto de investimentos em industrialização, recuperaram e mantiveram o Norte como uma das regiões mais ricas do Paraná. Grande parte do resultado desse bem-sucedido esforço deve-se ao cooperativismo local. As cooperativas do Norte que sobreviveram à crise – muitas também foram vítimas da quebradeira que seguiu a geada – chegaram ao século 21 mais forte e ligadas de forma umbilical aos municípios. Essa história fará parte dos debates da segunda etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, na próxima quarta-feira, 27, em Londrina.

No ano passado, as cinco maiores cooperativas da região faturaram R$ 2,15 bilhões, 14% de todo o setor no estado. "Elas souberam se recuperar rapidamente", afirma José Roberto Ricken, superintendente da organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). "Sentiram o baque, aceleraram as mudanças e hoje são ainda maiores." Um bom exemplo dessa capacidade de recuperação do cooperativismo do Norte é o da Integrada, de Londrina. Criada em dezembro de 1995, a jovem cooperativa já se posiciona entre as 50 maiores empresas da Região Sul do Brasil. As vendas do ano passado, de R$ 967 milhões, foram 30% maiores que as de 2003.

Com 46 unidades de recebimento em 34 municípios, a Integrada reúne 4,6 mil cooperados, produtores de soja, milho e algodão. Segundo Carlos Murate, presidente da cooperativa, a queda nos preços internacionais de grãos foi compensada pelo bom desempenho da área industrial. A fiação de algodão da Integrada, por exemplo, aumentou suas vendas em um terço no ano passado. "No milho também somos fortes", orgulha-se Murate. "Dominamos do plantio à extração de óleo para exportação."

Orgulho também demonstram os diretores da Confepar, de Londrina. Criada em 1982, reúne 7,8 mil associados de oito cooperativas de produtores de leite do Norte do estado. Hoje, processa 1 milhão de litros por dia e já é uma das maiores produtoras de leite em pó do país. No fim do ano, quando estiver concluído o investimento de R$ 15 milhões em uma nova torre de secagem, a capacidade de processamento da cooperativa aumentará em 200 mil litros diários. "Esse é o caminho", diz Jamil Beleboni, vice-presidente da Confepar. "Industrializar, agregar valor e buscar o mercado externo." A Confepar exporta cerca de 600 toneladas de leite em pó por ano para o Oriente Médio e para a África. O objetivo é que, em cinco anos, as exportações representem 20% do faturamento da cooperativa, que no ano passado foi de R$ 187,5 milhões.

Na Cofercatu, de Porecatu, a área industrial também desempenha papel importante. A capacidade instalada é para 25 milhões de litros de álcool e 25 mil toneladas de açúcar por ano. "A agroindústria sucroalcooleira foi a solução que encontramos", conta José Otaviano Ribeiro, presidente da Cofercatu. Entusiasta do setor, Ribeiro espera um futuro próspero. "O cooperativismo não faz mal a ninguém", diz ele.

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