Londrina O coordenador da Pastoral Carcerária de Londrina, Railson José Cezar Cardoso, disse ontem que a vizinha Cambé, no Norte do estado, não possui uma Pastoral regulamentada. Na última segunda-feira, a funcionária pública Marlene Martiniano de Melo, 52 anos, foi flagrada entrando na delegacia da cidade com dois aparelhos de telefone celular e dois carregadores que, segundo a polícia, seriam entregues a presos. Ela acompanhava o grupo religioso que faz visitas periódicas à delegacia e disse pertencer à Pastoral Carcerária de Cambé.
"Há um grupo que faz visitas à delegacia, mas esse grupo não está formalizado", afirmou Railson Cardoso. "Para ser Pastoral é preciso registro na Liga Nacional das Pastorais Carcerárias e ata. Os membros também possuem carteiras de identificação com foto." A preocupação de Cardoso é que a atitude de Marlene prejudique o trabalho realizado pela Pastoral de Londrina em 22 anos. "Antes de aceitarmos um membro, pedimos atestado de antecedentes criminais e é feito um acompanhamento durante cinco meses. A pessoa também recebe orientações sobre como agir durante as visitas", disse o coordenador.
O grupo de Cambé existe há 30 anos e a coordenadora, Maria Aparecida André Pascueto, afirma ser da Pastoral Carcerária. "Fazemos o trabalho da Pastoral, mas só agora estamos organizando a documentação e o estatuto. O importante é o trabalho, não o papel", afirmou ela.
Segundo Maria Aparecida, Marlene estava no grupo há cinco meses e recebeu toda a orientação sobre como se comportar nas visitas à delegacia. "Ela nunca demonstrou ter uma relação mais próxima com nenhum dos presos, mas muitos são da mesma região da cidade que ela", disse. "Mas estamos confiantes que o que aconteceu só fortaleceu a Pastoral de Cambé."
O delegado de Cambé, Valdir Abrahão, disse que a assistência religiosa "já está incorporada ao sistema de carceragem" e que as visitas são feitas a cada 15 dias. "Não exigimos carteirinha dos integrantes desses grupos", revelou.