A Copa do Mundo no Brasil terminou há sete meses, mas os custos continuam subindo. Os atrasos nas obras são atrelados a aditivos, deficiência de planejamento, falta de detalhamento de anteprojetos e orçamentos subestimados.
Essas conclusões estão no relatório divulgado ontem pelo Tribunal de Contas (TC) do Paraná, que buscou as causas da elevação dos custos das obras para o Mundial, chegando a um sobrepreço de 13,97% em relação ao que estava previsto na Matriz de Responsabilidade da Copa, assinada em 2010. O custo subiu de R$ 431,1 milhões para R$ 491,35 milhões.
O relatório do TC, que tem como base um levantamento de obras realizadas e em execução até novembro de 2014 (ou seja, quatro meses após a Copa) apontou que 14% do valor inicial das obras corresponderiam a aditivos. Esse porcentual, segundo o TC, deverá crescer com novos aditivos que estão em trâmite.
O documento ainda aponta a falta de pagamento por parte da prefeitura de Curitiba e do governo do estado em relação a obras já executadas. Em novembro, segundo o TC, foram executados R$ 400,74 milhões em mobilidade urbana para a Copa.
Desse total, ainda havia dívida de R$ 20,22 milhões, dos quais R$ 12,45 milhões eram de responsabilidade do estado e R$ 7,77 milhões correspondem à dívida da prefeitura.
Em atraso
Conforme a Gazeta do Povo apurou até o fim do ano passado, o relatório do TC mostra que ainda havia obras em execução em novembro. No município de Curitiba, das seis obras previstas, o maior símbolo do atraso era o Terminal do Santa Cândida.
Segundo o TC, em relação ao custo inicial houve aumento de 5,96% para a obra, que, até então, ainda não estava pronta, apesar da previsão de término para fevereiro de 2014. Duas obras eram consideradas "praticamente concluídas" pelo TC o corredor Aeroporto Rodoferroviária (no trecho municipal) e o Sistema Integrado de Monitoramento (SIM).
Os atrasos mais significativos são de projetos do governo do estado. Todas as quatro obras estavam inconclusas em novembro e passaram a ser usadas parcialmente: Corredor Aeroporto-Rodoferroviária e Requalificação da Marechal Floriano (trechos de São José dos Pinhais), Sistema Integrado de Monitoramento Metropolitano e vias de integração radial metropolitanas (Rua da Pedreira, Av. da Integração e Alça da Av. Salgado Filho).
A prefeitura e o terminal
Sobre o Terminal do Santa Cândida, a prefeitura informou que o governo federal manteve os recursos previstos no PAC da Copa e deixou o prazo para conclusão em aberto.
As demais obras estão em operação, faltando apenas concluir um trecho da ciclovia do Corredor Aeroporto/Rodoviária.
Esse trecho não estava previsto no projeto original e consiste da implantação de uma passarela sobre a linha férrea. A empresa iniciou os serviços, mas só vai concluir quando o aditivo, em trâmite, estiver concluído.