Caixas eletrônicos em falta
Com medo do ataque de quadrilhas especializadas em roubo a caixas eletrônicos, empresários e administradores públicos de Curitiba e região metropolitana estão retirando esses equipamentos de seus estabelecimentos. Só em outubro, nove locais foram alvo de ações criminosas. Neste mês, foram ao menos outros cinco. E os criminosos não perdoam ninguém: investem contra agências bancárias, mercados, postos de combustíveis, universidades e até hospitais.
O Hospital Erasto Gaertner e o Hospital do Idoso, que sofreram ataques no início de outubro, recolheram todos os caixas. Ambos informaram, via assessoria de imprensa, que o motivo foi a "segurança dos pacientes". A Universidade Federal do Paraná (UFPR) também optou por retirar os equipamentos do Centro Politécnico, palco de uma ação criminosa em agosto. A instituição informou que as "demais dependências também devem retirar [os caixas]".
Alguns supermercados tomaram a mesma iniciativa. O Muffato do Portão, alvo de um ataque em julho, e o de São José dos Pinhais, na RMC, já não oferece mais o serviço. "A maioria das grandes redes já foi atacada. Reuniões dos varejistas com os bancos não evoluíram", diz Valmor Rovaris, superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras). (L.G.M)
Número de casos deve aumentar no fim do ano, alerta sindicato
O número de ataques deve aumentar no fim do ano, prevê Carlos Henrique Machado, secretário do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região. "Agora, com a chegada de dezembro, o pessoal começa a pegar o 13.º. Isso com certeza fará com que os criminosos ataquem mais", explica.
Machado diz que falta segurança. "Investe-se na segurança do dinheiro, mas deixa-se a população à mercê." O Sindicato dos Bancários de Curitiba e a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec) pretendem implantar novos itens de segurança. "Mas o nosso foco é somente a agência bancária. Queremos colocar câmeras de longo alcance e portas giratórias em todas as agências, por exemplo", relata o dirigente sindical Reinaldo Cavalcanti. A segurança fora dos bancos, observa, é uma questão pública. (L.G.M)
Uma operação coordenada pelo Comando de Operações Especiais (Cope) da Polícia Civil prendeu 17 pessoas nesta sexta-feira (7), na Grande Curitiba, suspeitas de integrar uma quadrilha especializada em roubo de caixas eletrônicos.
Sete presos são policiais militares, e um deles é apontado como o comandante do grupo. Os policiais, de acordo com a investigação, inventavam ocorrências para desviar a atenção dos locais dos roubos a caixas eletrônicos, enquanto apoiavam os grupos criminosos. Em alguns casos, os próprios PMs realizavam as explosões. Os nomes dos policiais envolvidos e dos outros presos não foram divulgados. Foram seis meses de investigação. De acordo com o comandante geral do Cope, Luiz Alberto Cartaxo, indícios de que policiais participavam do esquema surgiram depois de uma explosão de caixa eletrônico em Rio Branco do Sul, na RMC. Naquela ocasião, durante a fuga, policiais que davam cobertura aos criminosos capotaram o veículo. Documentos falsos, explosivos e armas foram apreendidas ao longo dos últimos seis meses. A Corregedoria Geral da Polícia Militar auxiliou o Cope. O delegado disse que não pode informar em qual Vara o processo está em trâmite. Ele informou apenas que os mandados foram concedidos nesta sexta-feira (7), por volta das 14 horas. Foram 22 mandados, mas 17 deles puderam ser cumpridos, segundo o delegado. "É um trabalho grande, sendo feito há muito tempo, com várias outras prisões, explosivos e armamento. A gente acha que é a maior quadrilha de roubo a caixas eletrônicos em atividade. Eles agem há muito tempo, comandados por um policial militar", disse Cartaxo. Os policiais militares presos estão na sede da PM, em Curitiba, onde permanecem à disposição da Justiça. Outros 10 detidos, até o momento, permanecem na carceragem do Cope. O número de detidos pode aumentar. "Neste primeiro momento, tivemos a prisão de alguns policiais militares e outros suspeitos que agiam com o apoio destes policiais nos crimes", afirmou o delegado geral da Polícia Civil, Riad Braga Farhat. No entanto, Farhat ressaltou que o trabalho de investigação continua e que, possivelmente, a investigação gere novos desdobramentos.
Violência em altaCom o assalto na madrugada desta sexta-feira (07), na Caixa Econômica Federal, do bairro Barreirinha, Curitiba e região somam cinco ataques em novembro. No caso mais violento, na madrugada de quinta-feira (06), um grupo de 20 homens fortemente armados assustou a população de Cerro Azul ao fechar as saídas do município para explodir caixas eletrônicos e o cofre da agência do Banco do Brasil.
O número de ataques a caixas eletrônicos de bancos, lotéricas e pontos comerciais cresceu 40% neste ano no Paraná. Até outubro, segundo dados do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, foram 307 casos, ante 172 em todo o ano passado. O levantamento da entidade, baseado em notícias publicadas pela imprensa, soma explosões, arrombamentos e assaltos.
A capital é a cidade com o maior número de ocorrências envolvendo caixas eletrônicos (22%), seguida de Londrina (4%), Cascavel (3%), São José dos Pinhais (3%), Ponta Grossa (2%) e Araucária (1%). Os materiais e meios mais usados para cometer os crimes, segundo a Polícia Civil, são dinamite, maçarico, arma de fogo, "chupa cabra", pé-de-cabra e furadeira. No Paraná, segundo o Banco Central, há 1,6 mil agências bancárias e 3,3 mil caixas eletrônicos.
Em 2014, 138 pessoas foram presas em todo o estado. A maioria dos criminosos viria de Joinville, em Santa Catarina. "Isso porque na cidade havia três empresas fabricantes de caixas eletrônicos. Muitos de seus funcionários acabaram caixeiros (termo usado pela polícia para identificar quem arromba)", diz o delegado Matheus Araújo Laiola, do Centro de Operação Policiais Especiais (Cope).
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