Verba para bancar pedágio custaria à Copel 10 usinas
A Copel terá de fazer um investimento de R$ 9,6 bilhões em 25 anos caso participe e vença o leilão para a concessão dos três trechos de rodovias federais que serão pedagiadas e interessam ao governo do estado. Isso seria suficiente para construir dez usinas hidrelétricas como a de Mauá, projetado para ser erguida no Rio Tibagi, com potência de 362 megawatts, suficiente para abastecer 1,1 milhão de pessoas. O investimento anual médio seria de R$ 348 milhões para a Copel assumir os pedágios das estradas federais.
O presidente da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Rubens Ghilardi, espera concluir até o próximo dia 30 de setembro os estudos técnicos e financeiros sobre a participação da empresa de energia nos leilões de concessão de rodovias federais que cortam o estado. A Copel planeja disputar, em parceria com empreiteiras e empresas do setor de rodovias, os lotes 2 (BR-116, de Curitiba até a divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com extensão de 412,7 km), 6 (BR-116, de Curitiba a São Paulo, com 401,6 km) e 7 (BR-116, BR-376 e BR-101, de Curitiba até Florianópolis, com 382,3 km). O leilão está marcado para 9 de outubro.
A empresa pretende formar, por meio de parcerias, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) em que a Copel Empreendimentos terá controle majoritário (60%). "Acredito que até o final da semana teremos os nomes das empresas que deverão participar do projeto", disse Ghilardi. Se vencer o leilão, a Copel será a primeira companhia de energia do país a atuar também na administração de rodovias.
Em teleconferência para analistas do mercado financeiro, Ghilardi defendeu na quarta-feira (19/9) a nova estratégia, dizendo que a empresa terá que buscar novos negócios para crescer. "As oportunidades nos leilões do setor elétrico, especialmente no setor de transmissão, estão cada vez mais escassas e limitadas. Estamos com outros focos de diversificação além do setor de rodovias, especialmente na área de telecomunicações", disse. A Copel já detém 45% da Sercomtel, de Londrina, e opera na área de fibra óptica com a Copel Telecomunicações, que hoje oferece serviços de transmissão de voz, dados e imagem.
A maior parte dos analistas de mercado vê com cautela a investida da empresa no ramo de rodovias. A falta de experiência no setor pode elevar o risco da operação e ter impacto nos resultados futuros. "O mercado está preocupado. Não apenas com a entrada da empresa em rodovias, como em outro segmentos", diz um analista que prefere não se identificar. "O investidor quer que a empresa atue naquilo que conhece", completa. O presidente da companhia rebate. "A Copel quer crescer em outras áreas para pagar dividendos. E hoje a empresa possui grande capacidade de alavancagem para suportar esse crescimento."
Para investidores, o anúncio de que a empresa terá uma das tarifas de pedágio mais baratas do país também preocupa. Um estudo do banco Credit Suisse aponta que uma redução de 20% sobre o teto da tarifa já representa rentabilidade nula para a operadora. "Ainda não vimos esse cálculo, mas se verificarmos que não será rentável para a companhia, não vamos participar", afirmou Ghilardi. Segundo o leilão elaborado pelo governo federal, as tarifas máximas para carros de passeio nos três lotes de rodovias que cortam o estado devem variar entre R$ 2,68 e R$ 4,18. Com isso, baseado em um levantamento de tráfego de 2004, a arrecadação deve superar R$ 18 bilhões.
A empresa terá de correr para poder participar do leilão. Além da escolha dos parceiros e dos estudos de viabilidade, a companhia aguarda a aprovação do projeto de lei que autoriza sua participação pelos deputados estaduais no plenário na Assembléia Legislativa, em sessão marcada para segunda-feira.
Ghilardi disse que, se vencer, a empresa prevê investir R$ 1,08 bilhão nos próximos 25 anos com R$ 185 milhões a serem aplicados nos primeiros doze meses. Desse total, R$ 520 milhões estão previstos para o lote 6, R$ 381 milhões no trecho 7 e R$ 179 milhões no trecho 2. No total, incluindo custos de operação e manutenção, os recursos estão estimados em R$ 9,5 bilhões em 25 anos.
A companhia espera captar no mercado, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), 60% dos recursos.
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